Assim como as baleias, os lobos e os golfinhos, os poraquês, segundo o estudo recém-lançado, realizam buscas em grupo a presas e atacam coordenadamente, a fim de beneficiar todo o grupo
Pela
primeira vez, estudiosos conseguiram registrar em uma pesquisa o comportamento
de predação social entre poraquês, peixes-elétricos da Amazônia. Assim como as
baleias, os lobos e os golfinhos, os poraquês, segundo o estudo
recém-lançado,realizam buscas em grupo a presas e atacam coordenadamente, a fim
de beneficiar todo o grupo.
O
estudo foi feito por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa), ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, e da
Smith sonian Institution, dos Estados Unidos. O trabalho – financiado pelo
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
Smith sonian’s Global Genome Initiative, pela National Geographic Society e
pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) – foi
publicado na última quinta-feira (14), na revista Ecology and Evolution.
O
comportamento inédito dos peixes-elétricos foi registrado em um lago da Estação
Ecológica Terra do Meio, no Pará. Um grupo de cerca de 100 poraquês da
espécie Electrophorus voltai, cada um com até 1,8 metro de comprimento,
foi filmado caçando em grupo.
“Nos
mais de 250 anos desde que esse animal foi descrito pela primeira vez, esse
comportamento nunca havia sido registrado”, conta Douglas Bastos, primeiro
autor do trabalho e doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia de Água
Doce e Pesca Interior do Inpa.
Segundo
a pesquisa, na maior parte do dia e durante toda a noite, os animais repousam
na porção mais funda do lago. No alvorecer e no crepúsculo, porém, eles migram
para uma área mais rasa, com menos de um metro de profundidade. Nesses
horários, as piabas – peixes que servem de alimentação aos peixes-elétricos –
estão indo para o leito se alimentar ou voltando para a margem para descansar.
É o momento em que os poraquês atacam.
“Nossa
hipótese inicial é que locais como esse, com grande abundância de presas e
abrigo para dezenas de poraquês, favoreçam a caça em grupo e o desenvolvimento
da estratégia de predação social. Por isso, é possível que o fenômeno ocorra em
outros locais e até mesmo com outras espécies de poraquê. Só não foi registrado
ainda”, destaca Carlos David de Santana, pesquisador-associado do National
Museum of Natural History, da Smithsonian Institution.
Com Informações Notícias ao Minuto