Imagens do santo são vendidas no Santuário Nacional de Anchieta, no Sul do Espírito Santo, e também servem como fonte de renda extra para artesãos.
Artesãos do Sul do Espírito Santo aprenderam uma técnica para produzir réplicas do século XIV de São José de Anchieta. O objetivo é vender o trabalho principalmente durante a tradicional caminhada de Passos de Anchieta, que acontece entre os dias 19 e 22 de junho.
As aulas ministradas para os artesãos foram feitas no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) de Piúma. Para os artistas, foi uma oportunidade de aprender novas técnicas, conseguir uma renda extra e movimentar o turismo religioso na região.
O ícone original do santo está exposto no Santuário Nacional de São José de Anchieta, em Anchieta. A obra foi desenvolvida especialmente para ficar exposta no local, e levou cerca de três anos para ser concluída. Foi essa peça que serviu de inspiração para as aulas.
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Imagens de São José de Anchieta feitas por artesãos do Sul do Espírito Santo que participaram de oficinas realizadas pelo Ifes — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Com o trabalho confeccionado pelos artesãos, turistas podem levar uma representação própria do ícone e valorizar o artesanato, que é vendido no próprio santuário a partir de R$ 45. O preço varia pelo tamanho da peça e pelo artista que a confeccionou.
Desde quando as imagens foram expostas na loja do santuário após as oficinas até a proximidade dos Passos de Anchieta, mais de 100 produtos foram vendidos. A expectativa da organização do santuário é que as vendas aumentem durante a festa e a caminhada, que deve atrair cerca de 5 mil participantes.
Trabalho delicado
Vinte e cinco artesãos foram capacitados com aulas no Ifes. As oficinas foram oferecidas em maio e no início de junho.
Durante o curso, eles aprenderam a técnica da decoupage, a partir de cópias do ícone em papel utilizando madeira de reflorestamento e de reaproveitamento de materiais.
Os quadros são ricas em detalhes e algumas possuem traços em folhas de ouro. As peças podem ser fixadas na parede ou expostas sobre um móvel e levam um pequeno suporte de fixação.
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Artesãos aprenderam técnica para reproduzir réplica de São José de Anchieta e impulsionarem turismo religioso em Anchieta, Sul do Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta
O processo da decoupagem consiste em:
- Lixar a madeira;
- Tingir;
- Selar para cobrir as imperfeições;
- Colar a imagem de papel;
- Lixar novamente;
- Aplicar verniz e cera de abelha.
Márcia Macedo Costa dos Santos é uma das artesãs empenhada em aprender a nova prática.
"É bonito o trabalho em si, a peça, e também a história dela", disse.
Os alunos não aprenderam apenas a técnica artesanal, mas também estudaram o significado da pintura sacra e as mensagens que ela transmite.
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Vinte e cinco artesãos aprenderam técnica para fazer réplica de imagem de São José de Anchieta no Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Além de funcionar como fonte de renda disso, o professor do Ifes que deu as aulas e teve a ideia de ensinar a prática, Clinger Bernardes, apontou que o turismo religioso é alavancado com o aprendizado artesanal.
"Muitas pessoas acabam conhecendo destinos de turismo religioso a partir do artesanato religioso. Peças de artesanato religioso não são compradas apenas pela sua beleza, mas também pelo seu significado. Então, quando o turista, a pessoa que está comprando aquele material, sabe um pouco mais sobre aquela peça, o simbolismo daquela peça, as pessoas tendem a estar dispostas a pagar um pouco mais. O conhecimento em torno da produção agrega valor ao artesanato religioso", explicou
Fayda Catarinose já trabalhava com artesanato e aproveitou a oportunidade para se aperfeiçoar.
"É abrir um leque para uma visão diferenciada, uma vez que eu moro em Anchieta, do lado do Santuário. Então, é uma abertura nova para um novo tipo de artesanato para atender o turismo local. Fazer os ícones tem um gostinho diferente, porque é uma divulgação daquilo que está ali ao meu lado. As pessoas precisam conhecer mais a história do santuário, não só religiosa, mas de São José de Anchieta na cultura desse país. História que fica escondida e não tem a relevância que deveria ter", comentou a artesã.
Tradição
O ícone original de São José de Anchieta é o primeiro dedicado ao santo desde a sua canonização, ocorrida em abril de 2014. A imagem está no santuário há quase um ano.
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Imagem de São José de Anchieta fica em Santuário em Anchieta, Espírito Santo — Foto: Reprodução/TV Gazeta
Feito em madeira de cedro maciço, a peça tem cinco centímetros de espessura e sua pintura segue a técnica russo-bizantina com folhas de ouro de 24k e pigmentos naturais misturados com têmpera de ovo.
De acordo com o padre Álvaro Negromonte, reitor do santuário, a técnica utilizada tem um propósito: atrair o olhar do fiel e, ao mesmo tempo, contar a história do santo, para criar um elo entre a imagem e a fé de quem a contempla.
"O ícone nos ajuda a olhar a própria história de vida, história do mundo, e perceber com que olhos Deus vê esse mundo. Deus me vê por meio dos olhos dos santos. O ícone é uma grande riqueza que foi incorporada não somente ao patrimônio artístico do Santuário Nacional, mas ao patrimônio místico e religioso que o santuário tem", pontuou o padre.
Passos de Anchieta
Segundo a organização do evento da 26ª edição dos Passos de Anchieta, a caminhada dá início na quinta-feira (19), com saída da Catedral Metropolitana de Vitória, após a missa de abertura.
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Caminhada Passos de Anchieta começa na Av. Beira Mar, em Vitória — Foto: Ari Melo / TV Gazeta
Tradicionalmente, são 100 quilômetros percorridos durante quatro dias até chegarem ao Santuário Nacional de Anchieta, no domingo (22), quando acontece o encerramento da Festa Nacional de São José de Anchieta.
O trajeto é o mesmo que foi realizado pelo padre, hoje São José de Anchieta. A caminhada é um evento de fé, peregrinação e também de lazer e turismo, sendo um dos maiores do segmento no estado.
Os fiéis saem de Vitória, passam por Vila Velha e Guarapari até chegar em Anchieta.
Os andarilhos são recebidos pela comunidade local com apresentações culturais e lanches com produtos típicos. Ao final da caminhada, os participantes também recebem certificados de participação, finalizando o evento no Santuário Nacional São José de Anchieta.
Fonte: g1 ES