CUIDADO! Cinco hábitos comuns podem estar prejudicando o seu fígado


Mesmo com uma alta resistência e capacidade de regeneração, órgão necessita de cuidados e mudanças no estilo de vida

Um dos desafios das doenças hepáticas é que elas podem ser uma ameaça silenciosa — Foto: Freepik

O fígado é um dos órgãos que mais trabalham no corpo humano. Ele desintoxica substâncias nocivas, auxilia na digestão, armazena nutrientes e regula o metabolismo. Apesar de sua incrível resistência, e até mesmo da capacidade de se regenerar, o ele não é indestrutível. Na verdade, muitos hábitos cotidianos, muitas vezes ignorados, podem causar danos progressivos que, com o tempo, levam a condições graves como cirrose (cicatrização permanente do fígado) ou insuficiência hepática.

Um dos desafios das doenças hepáticas é que elas podem ser uma ameaça silenciosa. Nos estágios iniciais, costumam causar apenas sintomas vagos, como fadiga constante ou náusea.

À medida que o dano avança, surgem sinais mais evidentes. Um dos mais reconhecíveis é a icterícia, quando a pele e o branco dos olhos ficam amarelados. Embora muitas pessoas associem doenças no fígado ao consumo excessivo de álcool, ele não é o único vilão. A seguir, veja cinco hábitos comuns que podem estar prejudicando silenciosamente o seu fígado:


1. Beber álcool em excesso

O álcool é talvez a causa mais conhecida de danos ao fígado. Quando você bebe, o fígado trabalha para quebrar o álcool e eliminá-lo do organismo. Mas o consumo excessivo sobrecarrega esse processo, fazendo com que subprodutos tóxicos se acumulem e danifiquem as células hepáticas.

A doença hepática alcoólica evolui em estágios. No início, ocorre o acúmulo de gordura no fígado (esteatose hepática), muitas vezes sem sintomas e reversível se o consumo parar. O consumo contínuo pode levar à hepatite alcoólica, com inflamação e formação de cicatrizes no processo de regeneração.

Com o tempo, essas cicatrizes evoluem para cirrose, tornando o fígado rígido e comprometendo seriamente sua função. Embora a cirrose seja difícil de reverter, interromper o consumo de álcool pode evitar danos adicionais.

Mesmo o consumo moderado, se mantido por muitos anos, pode causar prejuízos, especialmente quando combinado a fatores como obesidade ou uso de medicamentos. Especialistas recomendam não ultrapassar 14 doses de álcool por semana, incluindo dias sem consumo, para dar tempo ao fígado de se recuperar.


2. Má alimentação e hábitos alimentares pouco saudáveis

Não é necessário consumir álcool para desenvolver problemas hepáticos. A gordura pode se acumular no fígado devido a uma alimentação desequilibrada, levando a uma condição chamada doença hepática gordurosa associada à disfunção metabólica (MASLD), anteriormente conhecida como doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA).

O excesso de gordura no fígado prejudica sua função e, ao longo do tempo, causa inflamação, fibrose e, eventualmente, cirrose. Pessoas com sobrepeso, especialmente com acúmulo de gordura abdominal, têm maior risco de desenvolver MASLD. Outros fatores de risco incluem pressão alta, diabetes e colesterol elevado.

A alimentação tem papel crucial. Alimentos ricos em gorduras saturadas, como carnes vermelhas, frituras e industrializados, aumentam o colesterol e favorecem o acúmulo de gordura no fígado. Alimentos e bebidas açucaradas também são vilões importantes. Um estudo de 2018 apontou que quem consome mais bebidas adoçadas com açúcar tem 40% mais risco de desenvolver fígado gorduroso.

Alimentos ultraprocessados, como fast food, refeições prontas e lanches com açúcar e gorduras ruins, também sobrecarregam o fígado. Um grande estudo mostrou que quem consome mais desses alimentos tem mais chances de desenvolver doenças hepáticas.

Por outro lado, uma dieta equilibrada e rica em alimentos naturais pode prevenir e até reverter a doença hepática gordurosa. Dietas ricas em vegetais, frutas, grãos integrais, leguminosas e peixes ajudam a reduzir a gordura no fígado e melhoram fatores de risco como glicose alta e colesterol.

Manter-se hidratado também é fundamental: o ideal é beber cerca de oito copos de água por dia para apoiar os processos naturais de desintoxicação do fígado.


3. Uso excessivo de analgésicos

Muitas pessoas recorrem a analgésicos como o paracetamol para dores de cabeça, musculares ou febre. Embora geralmente seguro se usado corretamente, doses excessivas, mesmo que ligeiramente acima do recomendado, podem ser extremamente perigosas para o fígado.

O fígado metaboliza o paracetamol, mas nesse processo é gerado um subproduto tóxico chamado NAPQI. Normalmente, o organismo neutraliza o NAPQI com uma substância protetora chamada glutationa. Em caso de overdose, os estoques de glutationa se esgotam, permitindo que o NAPQI se acumule e destrua as células hepáticas, podendo causar falência hepática aguda, muitas vezes fatal.

Mesmo pequenas overdoses ou o uso combinado com álcool aumentam o risco. Sempre respeite a dosagem indicada e consulte um médico se estiver usando analgésicos com frequência.


4. Falta de atividade física

Um estilo de vida sedentário é outro fator importante para doenças no fígado. A inatividade contribui para o ganho de peso, resistência à insulina e disfunção metabólica: todos ligados ao acúmulo de gordura hepática.

A boa notícia é que o exercício ajuda o fígado mesmo que você não perca muito peso. Um estudo mostrou que apenas oito semanas de treino de resistência reduziram a gordura no fígado em 13% e melhoraram o controle da glicemia. Exercícios aeróbicos também são eficazes: caminhadas rápidas por 30 minutos, cinco vezes por semana já reduzem gordura no fígado e melhoram a sensibilidade à insulina.


5. Fumar

A maioria das pessoas associa o cigarro ao câncer de pulmão ou doenças cardíacas, mas poucos sabem do grave impacto que ele tem sobre o fígado.

A fumaça do cigarro contém milhares de substâncias tóxicas que sobrecarregam o fígado, que tenta filtrá-las e quebrá-las. Com o tempo, isso causa estresse oxidativo, em que moléculas instáveis (radicais livres) danificam células hepáticas, restringem o fluxo sanguíneo e contribuem para a formação de cicatrizes (cirrose).

O tabagismo também aumenta muito o risco de câncer de fígado. Substâncias nocivas da fumaça, como nitrosaminas, cloreto de vinila, alcatrão e 4-aminobifenil, são carcinógenos conhecidos. Segundo o Cancer Research UK, o cigarro é responsável por cerca de 20% dos casos de câncer hepático no Reino Unido.


Ame seu fígado

O fígado é um órgão incrivelmente forte, mas não é invulnerável. Você pode protegê-lo com atitudes simples:
  • Consuma álcool com moderação
  • Pare de fumar
  • Use medicamentos com responsabilidade
  • Mantenha uma alimentação balanceada
  • Pratique atividades físicas
  • Beba bastante água
Se notar sintomas como fadiga persistente, náusea ou icterícia, procure um médico. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico de problemas hepáticos, maior a chance de tratamento bem-sucedido.


Fonte: O Globo



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