Professora é demitida após pais indignados denunciarem agressões e racismo


Os alunos de 5º ano contaram aos familiares sobre agressões e falas racistas ditas pela professora durante a aula; episódio ocorreu na última terça (22)


Uma professora foi demitida após denúncias de agressão e preconceito racial feitas por ela contra alunos do 5º ano de uma escola municipal de ensino fundamental na Serra. A situação aconteceu no dia 22 de julho e a dispensa ocorreu após as mães dos estudantes entregarem uma carta de denúncia à Secretaria de Educação do município, na quarta-feira (23).

Em nota, a pasta explicou que condena todo e qualquer tipo de ato de racismo. "Após tomar ciência do caso, adotou imediatamente todas as providências cabíveis. A profissional envolvida, que atuava em regime de designação temporária, foi ouvida e, diante da grave situação, teve o contrato encerrado - não fazendo mais parte dos quadros da prefeitura", explicou.

O nome da unidade não será divulgado para preservar a identidade das vítimas, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. No documento é relatado que a mulher assumiu a turma como substituta em designação temporária após uma professora passar mal.

As atitudes começaram logo na entrada dos estudantes na sala de aula. A mãe de uma das alunas, que presenciou a situação, conversou com a reportagem. Conforme a responsável, a filha contou que a educadora estava exaltada ao receber os alunos, batendo na mesa e mandando as crianças ‘calarem a boca’.

“Nisso, dois colegas dela (uma das alunas) se sentaram juntos e falou algo no ouvido um do outro. Ela (professora) chegou perto, falou para ele falar o que ele tinha falado com o outro coleguinha. O menino se negou a falar, então foi na hora que ela deu um mata-leão nele e foi apertando até ele falar o que ela queria ouvir”, explicou a mãe.

Segundo a mãe, o enforcamento continuou, já que a criança não contava. A docente só soltou ao perceber que não daria o resultado desejado.

“Quando ela soltou ele, outra criança também falou algo. Ela pegou o apagador e arremessou em outra criança, e também falou várias coisas com as crianças na sala, teve uma pressão psicológica. A minha filha não foi agredida, mas ela me disse que ficou muito assustada, saiu do lugar dela e foi sentar atrás para a professora não chegar a fazer nada com ela”, contou

Pelas lembranças do dia vivido anteriormente, a menina teve receio de voltar à sala de aula. A mãe precisou convencê-la. “Não foi só uma agressão física, foi uma agressão psicológica que ela fez com as crianças também", afirmou.


Preconceito racial

As agressões não foram as únicas atitudes assustadoras para os alunos. Isso porque houve relatos de falas preconceituosas. O momento teria acontecido no momento em que uma das crianças a chamou de ‘tia’. A mulher, segundo dito pelos alunos às mães, não gostou e frisou não ter ligação com a criança pela cor dele.

Ela virou e falou assim: ‘Não, eu não sou nada seu, meu filho é branco, você é negro, eu não tenho na minha família", contou a mãe de uma das alunas

Ao ouvirem, os alunos começaram a falar sobre denunciá-la. Sem receio, ela informou que poderia contar tudo o que quisesse, pois não havia câmeras de gravação no local. Para a mãe entrevistada pela TV Gazeta, isso prova que a professora tem consciência sobre as próprias ações a todo momento.

“Fiquei muito revoltada, a primeira coisa que dá na gente é revolta, porque pai e mãe entendem. E os pais que estiverem vendo essa reportagem, ajam, não deixe passar. A gente tem lei, temos medidas a fazer. Então procurem, não deixem as coisas mais acontecer, porque tem muito casos, toda vez que abre reportagem é caso de agressão, é professor trancando criança dentro de banheiro. Façam alguma coisa, se unam, tentem tomar voz. O que eu estou fazendo aqui agora é isso, não só pela minha filha, mas para qualquer criança que chegar perto dela, porque isso não pode acontecer, isso é revoltante”, desabafou a mãe.


"Atitude incompatível"

Somada à exoneração da servidora, a Secretaria de Educação da Serra (Sedu) informou que o episódio é lamentável e totalmente incompatível com os valores da rede municipal de ensino, além de ter acontecido enquanto a profissional substituía a professora titular de uma turma do 5º ano.

Conforme a administração central do município, os estudantes que presenciaram o fato foram acolhidos individualmente e receberam o apoio da equipe pedagógica. "A direção da unidade também prestou atendimento às famílias e permanece disponível para escuta e diálogo com os responsáveis", frisou.


Fonte: A Gazeta



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