De arroz a batom: febre da marca própria invade farmácias e supermercados



Apostando no preço mais acessível, o comércio capixaba vem oferecendo alternativas para o público com produtos próprios, como alimentos, materiais de limpeza e itens de beleza

Mulher escolhendo produtos no supermercado Crédito: Freepik


As prateleiras de mercados e farmácias estão chamando a atenção do público por um motivo especial: a presença de produtos de marca própria lado a lado com mercadorias consagradas. Essa nova tendência traz artigos com as mesmas especificidades das empresas tradicionais, mas com valores mais em conta, e que despertam a curiosidade do consumidor.

A diferença de preço entre os produtos com rótulo da loja e das indústrias famosas chega a superar a casa dos 100% em alguns casos, conforme levantamento feito pelo Tá no Lucro.

Os setores empresariais que apostam nos itens de marca própria são dos mais diversos, mas com destaque para os supermercados e farmácias, que acompanharam um movimento europeu, onde produtos alimentícios, de higiene e limpeza superaram o crescimento de marcas consolidadas no mercado.

“O custo-benefício é muito bom. Eles conseguem competir com outras marcas. Não é só o preço mais baixo, é o preço acessível com qualidade. Eu recomendo, com certeza”, afirma o servidor público Mário Avancini, de 42 anos, que tem o hábito de comprar produtos de limpeza e de farmácias vendido com a logo do estabelecimento ou com uma marca criada pela rede.

Uma pesquisa da Nielsen IQ afirma que 34% dos brasileiros consomem produtos embalados com o nome da loja. A presidente da Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização (Abmapro), Neide Montesano, afirma que esse comportamento de apostar em novidades é algo já comum do brasileiro.

“O povo brasileiro gosta de experimentar. Apesar de termos parte da população que não pode errar na compra e precisa confiar no produto, nós experimentamos bastante. Se gostar da experiência, ele vai fazer a troca pela nova marca, que geralmente é mais barata”, declarou.

Segundo a Abmapro, em 2024, as redes farmacêuticas faturaram mais de R$ 4,5 bilhões, enquanto o varejo alimentar teve cerca de R$ 15 bilhões em ganhos com a venda de marcas próprias.

Para Montesano, esses números se justificam pelo bom trabalho das marcas na entrega do produto final. “Eles entregam a qualidade e aquilo que é prometido para o consumidor. À medida que ele compra algo, que ele economiza e às vezes supera a expectativa, acontece a fidelização do cliente”, comentou.

A percepção do público também mudou. Se antes havia desconfiança sobre a procedência dos produtos, agora há espaço para confiança e até preferência. A advogada Carla Labuto, de 51 anos, é cliente fiel de produtos da marca própria de um supermercado da Grande Vitória. “Eu compro leite, biscoito, leite condensado, entre outros. O valor é mais em conta e a qualidade é a mesma de marcas conhecidas”, conta. Ela diz que já recomendou os produtos para amigos e familiares.


Afinal, o preço é tão diferente assim?

A grande questão para o público geral é o preço, a crença que produtos de marca própria são melhores nas compras em mercados e farmácias, ajudando a fechar as contas do mês.

Segundo a especialista em comércio varejista Flávia Rapozo, o crescimento das marcas próprias no Brasil e no Espírito Santo é uma tendência que veio para ficar. “No início, esses produtos aproveitavam matérias-primas que não seriam vendidas de outra forma. Mas, hoje, as redes já fazem parcerias com indústrias consolidadas, que entregam produtos de qualidade com a embalagem do varejista. É uma estratégia de posicionamento no mercado e fidelização com o cliente”, explica.

A consumidora Érica Cunha, de 52 anos, também aprova. Para ela, a qualidade de muitos produtos é semelhante à de marcas consagradas. “Se tivesse todos os produtos da marca própria com um bom preço, eu trocaria sim”, afirma.

Além do fator econômico, Flávia Rapozo destaca outros atrativos: a ampliação do portfólio, o cuidado com a apresentação e até a inovação em alguns itens. “Hoje vemos produtos com prazo de validade estendido, testes de sabor nas lojas e uma atenção maior à experiência do consumidor.”


Fonte: A Gazeta


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