Servidora da Câmara de Itaguaçu é presa em flagrante por desvio de valores


Vilma Manhani ocupava o cargo de diretora contábil e, segundo a Polícia Civil, teria transferido pelo menos R$ 71 mil dos cofres públicos para sua conta pessoal

Câmara de Itaguaçu: servidora foi exonerada após indícios de desvio de dinheiro Crédito: Divulgação

Uma servidora da Câmara Municipal de Itaguaçu, no Noroeste do Espírito Santo, foi presa em flagrante, na quarta-feira (17), dentro da sede do Legislativo por suspeita de desviar dinheiro. Diretora contábil, Vilma Maria do Rosário Manhani ocupava função comissionada havia mais de 10 anos no órgão, mas, depois da prisão, foi exonerada. Levantamento preliminar das investigações da Polícia Civil identificou transferências irregulares para a conta pessoal que somam cerca de R$ 71 mil, mas o rombo pode ser maior.

O delegado Renan Alves dos Santos diz que foi informado pela própria Câmara sobre o suposto desvio. A suspeita sobre a conduta de Vilma começou após um servidor efetivo tomar posse e não conseguir acesso às contas do Legislativo. Renan conta que o funcionário pedia à diretora a liberação das senhas para acompanhar os dados financeiros, porém não tinha retorno.

"Ele queria se inteirar do serviço e ela, que concentrava todas as atividades de contabilidade e pagamentos, não fornecia a senha. Isso gerou um problema interno na Câmara. O servidor era novo, queria trabalhar e estava sem condições. Isso foi escalando até que chegou a um ponto de o presidente da Câmara e um servidor irem até o banco conferir como estava o saldo", descreve o titular da Delegacia de Itaguaçu.


Na instituição financeira, continua Renan, o presidente Cristian Casagrande (Podemos) solicitou extratos da conta da Câmara e, nesse momento, teriam sido observadas várias transferências dos cofres do Legislativo para a conta pessoal de Vilma, inclusive uma na última terça-feira (16), que deu base para o pedido de prisão em flagrante.

O valor identificado é de cerca de R$ 71 mil, mas o delegado não descarta a possibilidade de um desfalque maior porque essa foi a quantia de apenas três meses.

"Pode ser muito maior pelo tempo que ela atuava na Câmara e, inicialmente, só foi avaliado esse curto período. Vamos dar continuidade às investigações, até para verificar se há participação de outras pessoas e a extensão do dano", pontua Renan Alves.

O assessor jurídico da Câmara de Itaguaçu, Enoc Joaquim da Silva, afirma que Vilma lidava com empenhos, pagamentos, liquidações, isto é, era responsável por todo o processo contábil da Casa e, pelo tempo que estava na função, tinha a confiança de todos. "Passou por várias gestões, várias presidências, ninguém esperava. Fomos todos surpreendidos", comenta.

Enoc reforça que foi uma apuração interna que identificou irregularidades na transferência de recursos, logo comunicadas ao delegado e que resultaram na prisão de Vilma. Nessa quinta-feira (18), a presidência da Câmara divulgou uma nota à população em que destaca que está fornecendo todas as informações necessárias para a investigação policial. Além disso, será instaurado um procedimento administrativo.

"É fundamental assegurar à população itaguaçuense que todas as apurações devidas, tanto no âmbito externo, conduzidas pela Polícia Civil, quanto internamente, serão realizadas com o máximo rigor, transparência e imparcialidade. Nosso objetivo é o total esclarecimento dos fatos e a responsabilização de quem quer que seja, caso comprovadas irregularidades, dentro do que preconiza a lei", diz trecho da nota da presidência da Câmara.

Renan Alves lembra que Vilma foi presa dentro do Legislativo e um fato curioso foi observado pelo delegado: quando a equipe policial chegou ao local, estava em andamento um curso que justamente tratava sobre o controle dos gastos públicos e boas práticas de fiscalização, e a suspeita participava do treinamento.

A abordagem foi feita sem alarde e Vilma não ofereceu resistência. Ela também não quis dar declarações à polícia. O advogado Raphael Petronetto, que vai representá-la no caso, sustenta que, na audiência de custódia a ser realizada na manhã desta sexta-feira (19), vai pedir a liberdade da cliente.

Petronetto ressalta que ela é ré primária, tem endereço fixo, e não haveria razões para ser mantida na Penitenciária de Colatina, para onde foi levada após o flagrante policial. O advogado ainda não teve a chance de encontrar Vilma para entender melhor sobre a acusação e definir como vai conduzir a defesa. Mas afirma que, em conversa com a família, todos se mostraram bastante surpresos com a suspeita de desvio e asseguraram que, se confirmado que Vilma se apropriou do dinheiro, ninguém usufruiu dos recursos porque marido e filhos mantêm o padrão de vida, sem qualquer luxo ou novas aquisições de bens.


Fonte: A Gazeta



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