Voluntários levam carinho e atenção a pacientes internados em hospitais do ES



Entre personagens de fantasia, músicas e atividades lúdicas, os pacientes encontram momentos de leveza que ajudam tanto na saúde emocional quanto no tratamento médico

As ações dos grupos voluntários mostram que o cuidado com os pacientes vai além da medicina Crédito: Marta Priscila/ Instagram Capelania da Fonte

Estar internado em um hospital, seja por alguns dias ou por longos períodos, costuma trazer sentimentos de medo, insegurança e solidão. Para muitos pacientes, a rotina médica se mistura a um ambiente rígido e distante da vida fora dali.

No entanto, diferentes iniciativas realizadas em hospitais da Grande Vitória têm mostrado que o carinho, a espiritualidade, a arte e as brincadeiras podem transformar esse cenário, tornando o ambiente mais humano e acolhedor. As ações dos grupos voluntários mostram que o cuidado com os pacientes vai além da medicina. Brincadeiras, orações, músicas e gestos de carinho não substituem o tratamento, mas atuam como aliados poderosos, trazendo leveza a uma rotina marcada por desafios.

Essas iniciativas refletem uma mudança importante na forma como entendemos a saúde, cuidar não é apenas tratar a doença, mas olhar para a pessoa como um todo, valorizando sua história, seus sentimentos e sua necessidade de pertencimento.

Com 11 anos de atuação, o Instituto GAP nasceu com um propósito simples: ajudar pessoas em situação de rua. Aos poucos, as ações foram se ampliando e hoje o grupo também leva sorrisos e acolhimento para dentro dos hospitais.

Todas as sextas-feiras, às 18h40, os voluntários chegam ao Hospital Infantil, em Bento Ferreira, vestidos de personagens infantis. Eles distribuem brinquedos, fazem brincadeiras e, principalmente, oferecem atenção às crianças internadas e às suas famílias. O voluntário Kelvim Amaral diz que o contato vai muito além da ação social. “Mesmo saindo cansados do trabalho, esse tempo que dedicamos vale cada segundo. É gratificante ver a alegria das crianças e ouvir o agradecimento dos pais. É algo que mexe com a gente também”, afirmou.

Fantasiados eles visitam os pacientes do Hospital Infantil em Vitória Crédito: Kelvim Amaral, Presidente do Instituto GAP

Atualmente são cerca de 30 voluntários que acolhem a todos sem distinção, mas sempre com amor e respeito. As visitas começam e terminam com uma oração, reforçando o clima de união entre voluntários e pacientes.


Apoio físico e espiritual

Saindo de um objetivo mais social e fantástico, outra frente importante no cuidado com pacientes hospitalizados é a espiritualidade e a fé. Amanda Moraes Facini Mairink, que atua como líder do grupo voluntário Capelania da Fonte de vida, explica que a fé é um instrumento poderoso no processo de recuperação.

Há mais de 8 anos em atividade, ela atua em orfanatos, asilos, presídios e em destaque, nos hospitais da Grande Vitória, oferecendo apoio espiritual, emocional e amor tanto a pacientes quanto a familiares. “Muitas pessoas não têm acompanhantes, e nosso papel é mostrar que elas não estão sozinhas. A fé dá força, esperança e ajuda a enfrentar os desafios do tratamento”, explica.

Reunião do grupo em uma de suas ações no Hopital Santa Rita, em Vitória Crédito: Instagram Capelania da Fonte

O trabalho, segundo ela, vai além da religião: trata-se de oferecer acolhimento e presença, especialmente para aqueles que enfrentam a internação sem familiares por perto.

A psicóloga Luiza de Souza Colonna destaca que as atividades recreativas têm papel essencial na humanização dos hospitais. Para ela, iniciativas como essas transformam a experiência da internação. “O hospital ainda é visto como sinônimo de dor e incertezas”.

Luiza de Souza Colonna diz que as atividades têm papel essencial na humanização dos hospitais Crédito: Divulgação/ Luiza de Souza

Quando inserimos arte, música e brincadeiras nesse ambiente, conseguimos reduzir a ansiedade, diminuir a percepção da dor e engajar os pacientes no processo de recuperação


Luiza de Souza Colonna Psicóloga

Segundo Luiza, os benefícios aparecem em todas as idades. Para as crianças, brincar, pintar ou ouvir histórias ajuda a trazer de volta a sensação de carinho da rotina de casa, além de estimular a imaginação. Isso torna o hospital um lugar mais acolhedor. Já para os adultos, atividades em grupo, músicas e jogos diminuem a solidão e fortalecem a sensação de apoio e pertencimento. “Essas atividades também fazem o corpo liberar substâncias que trazem bem-estar, relaxamento e felicidade”, explica.

A psicóloga ressalta que, além do aspecto emocional, esses fatores também colaboram no tratamento físico. “Essas iniciativas impactam diretamente na melhora psicossocial e fisiológica. O paciente que se sente visto e acolhido responde melhor ao tratamento”, conta.


Palhaçoterapia

Esse impacto positivo também é percebido por Marta Priscila Dantas, enfermeira e integrante do projeto Plantão Só Riso. Há seis anos atuando com 'palhaçoterapia' em hospitais, ela reforça que o trabalho exige preparo e sensibilidade. “Para se tornar palhaço humanitário é preciso mais do que vestir a fantasia. Passamos por oficinas que abordam segurança, cuidado e, principalmente, o resgate da criança interior e do amor ao próximo”, conta.

O grupo atua no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam) todos os domingos, das 14h às 16h, nos setores de pediatria, clínica médica e urologia. As intervenções alcançam tanto crianças quanto adultos, muitas vezes longe de casa e sem receber visitas. “Os pacientes nos dizem que faz tempo que não recebem ninguém. Quando chegamos, eles afirmam que o dia se tornou melhor, e que conseguimos arrancar um sorriso, mesmo em momentos difíceis”, relata.

Ela também explica que lidar com crianças requer dedicação especial. Muitas delas estão internadas há bastante tempo, o que torna necessário um esforço maior para incentivá-las a brincar e se soltar. “É um desafio, mas também é gratificante ver como conseguimos transformar aquele ambiente em algo mais leve”, acrescenta.

Os 'palhaçoterapeutas' se preparando para mais um dia de risadas Crédito: Instagram Plantão Só Riso

No fim, cada sorriso arrancado em um leito hospitalar se traduz em esperança, tanto para os pacientes quanto para os voluntários que dedicam parte de seu tempo a essa missão.

Fonte: A Gazeta 


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