Desempregada, endividada e divorciada, Viviane começou a desenvolver síndrome do pânico. Deu novo rumo a sua vida a partir da criação de um brechó em Vitória
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Viviane dos Santos abriu em 2022 um brechó de brinquedos usados Crédito: Vitor Jubini |
A casa de Viviane dos Santos, de 39 anos, era cheia de brinquedos da filha espalhados por todos os cômodos até que um dia ela identificou que os itens que não eram mais utilizados poderiam ser transformados em um negócio. E foi assim que ela criou um brechó de brinquedos, que hoje fatura R$ 30 mil por mês.
A ideia de abrir a empresa surgiu após uma conversa que a empresária teve com uma amiga, que a aconselhou encontrar alternativas para ter uma renda. Desempregada, endividada e divorciada, Viviane começou a desenvolver síndrome do pânico. Diante desse cenário, ela decidiu que precisava tomar um novo rumo.
Em 24 horas, a empresa já estava criada e no primeiro mês ela tinha vendido R$ 10 mil em produtos. O Brinque.Chó começou com vendas em redes sociais e grupos de WhatsApp até que chegou o momento de ter uma loja física. Nesses três anos, o brechó de brinquedos já vendeu mais de 10 mil itens. Em um único dia, ela chegou a vender 150 unidades.
“Estava num momento desafiador. Então, recordei dos brinquedos e decidi separar aqueles que ela [filha] não brincava mais. Ao invés de doar ou trocar, decidi vender. Desde o primeiro instante, a Brique.chó já era empresa”, comenta.
As vendas e a captação de novos brinquedos são feitas via WhatsApp e Instagram. Os produtos já vieram e foram enviados para vários Estados do país. Viviane conta que também vende muito para profissionais que trabalham com crianças, como as psicólogas infantis.
As famílias que têm brinquedos não usados mais entram em contato com a Viviane, que faz a triagem. A empresária trabalha com o método de consignação. Quando o produto é vendido, 50% é pago ao fornecedor.
Até os sete anos, que é a primeira infância, a criança passa por oito a nove fases de aprendizagem. Cada fase dessa, requer um estímulo diferente e a criança também deseja brinquedos diferentes. De acordo com cada etapa, as coisas passam a não fazer mais sentido"
Viviane dos Santos Empresária
Por mais de dois anos, o escritório de Viviane era a casa dela. Com os brinquedos ocupando todos os cômodos da casa, ela e a filha Júlia, de 7 anos, precisavam fazer as refeições na rua, pois não havia mais espaço. E foi nesse momento que a empresária decidiu que era a hora de investir em uma loja física, que funciona em Jardim Camburi. As vendas e as captações on-line continuam.
Por muito tempo, Viviane trabalhou com carteira assinada, principalmente na área de controladoria. Entretanto, a veia empreendedora sempre falou mais alto, com atividades paralelas às atividades laborais.
Ela chegou a vender bolo de pote e roupas íntimas, a fazer decoração de festa e comercializar cosméticos e semijoias. Segundo ela, tem veia empreendedora desde pequena. Prova disso é que costumava brincar de dona de empresa quando criança.
Nascida no Paraná, ela cresceu em São Paulo e está no Espírito Santo há 13 anos, quando foi transferida para o Estado por conta do trabalho. O cargo em que ela atuava foi extinto e Viviane foi demitida, mas depois disso vieram outras experiências profissionais.
O medo é um sinalizador normal do nosso corpo e é ele que vai indicar o caminho que a gente vai seguir, mas isso não pode nos impedir. Então, vai com medo mesmo. Vai fazendo as coisas aos poucos, aprimorando no caminho. A empresa é um organismo vivo, que vai sendo moldada conforme as necessidades do dia a dia
Viviane ressalta que em nenhum momento pensou em desistir de seus sonhos, mesmo com as dificuldades.
“Alguns dias você vende bem, em outros nem tanto. Eu preciso de brinquedos, então preciso de fornecedores, para ter cada vez mais itens. Ainda sou sozinha no meu negócio, mas procuro fazer sempre o que eu dou conta”, comenta.
A empresária relata que hoje trabalha muito mais do que nos tempos de CLT, às vezes o expediente chega até as 3 horas da manhã. Porém, ela diz que acorda todos os dias feliz porque trabalha com o que é apaixonada.
“Brinquedo não é somente um objeto, ele faz parte da nossa vida, como a realização de um sonho de uma criança. Sempre falo que os itens têm vida e que merece ser estendida para outra criança. Aquilo que não faz mais sentido para você pode fazer a felicidade de outra família”, afirma, ao acrescentar que futuramente quer transformar o negócio em uma rede de franquias.
Fonte: A Gazeta


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