PMs prestam depoimento sobre morte de adolescente jogado da Segunda Ponte


Franklin Castão Pereira e os soldados Luan Eduardo Pompermaier Silva e Leonardo Gonçalves Machado são réus no processo que apura o crime


Os três policiais militares suspeitos de envolvimento na morte do adolescente Kaylan Ladário dos Santos, de 17 anos, jogado da Segunda Ponte, prestaram depoimento no Fórum de Cariacica. Franklin Castão Pereira e os soldados Luan Eduardo Pompermaier Silva e Leonardo Gonçalves Machado se encontram presos preventivamente no Quartel do Comando-Geral da Polícia Militar desde junho. Confira, no vídeo acima, o que eles disseram.

O caso aconteceu na madrugada de 18 de fevereiro. A gravação de videomonitoramento do local mostra a viatura parada na Segunda Ponte e um objeto sendo jogado no mar. Na sequência, a câmera gira e, quando volta, a viatura já está saindo e algo se mexe na água. A movimentação seria Kaylan, que não sabia nadar, tentando se salvar. Os militares detalharam esse momento em depoimento no dia 14 de outubro.

O cabo Castão descreveu a sequência dos fatos dizendo que a vítima se jogou da ponte. Ele alegou que só parou para colocar o jovem na parte traseira da viatura:

“Quando a viatura parou, o Kaylan abriu a maçaneta e desceu para a parte de trás da viatura. Foi nesse momento que eu desci. O primeiro militar que desce sou eu. Eu desci e fechei a porta dele. Como eu pisei em uma pedra, eu peguei a pedra e joguei fora. E é até o momento em que a mídia pega esse vídeo, diz que é uma pessoa sendo jogada, circula em vermelho. E isso foi uma pedra. Pedi calma a ele”, disse Castão.

Sobre Kaylan ter parado no mar, ele disse que o adolescente teria pulado: “Antes de tomar uma atitude mais drástica relacionada ao desespero dele no parapeito, ele pulou, foi isso o que aconteceu. Nesse momento, fui até o parapeito da ponte, olhei, me certifiquei que estava andando até a margem. Vi que estava em uma distância próxima à margem. Não acionei (o socorro) porque vi que ele estava nadando. Foi uma reação que tive, como vi ele nadando, para mim ele sairia dali”.

Os outros dois policiais falaram que Castão relatou, no dia do ocorrido, que Kaylan havia fugido, e não pulado. Luan ainda afirmou, que o cabo, posteriormente , pediu para ele e Machado também falarem que o menino pulou para "dar mais coerência à versão dele". Porém, o soldado disse que os dois decidiram contar o que vivenciaram de fato. No dia, Leonardo chegou a descer da viatura para verificar por qual motivo o cabo estaria demorando a voltar para o carro após o veículo ser estacionado.

“Assim que cheguei e percebi o comportamento do Kaylan, o cabo Castão mandou eu me afastar e voltar para a viatura, que ele estaria verbalizando com o Kaylan. Voltei para a viatura e informei ao Pompermaier, logo depois o cabo Castão entrou na viatura e falou para tocar para o batalhão porque o Kaylan tinha fugido. Perguntei se iriam atrás dele, mas ele disse que não, porque Kaylan não devia nada e não queria entrar na viatura. Fomos questionando se não íamos voltar para procurar ele. Não ouvi nada (da conversa do cabo e do jovem) porque na ponte estava ventando muito e tinha uma obra por perto", descreveu Machado.

Já Luan, que dirigia o veículo, disse que entendeu que o pedido de parada era somente para colocar o jovem na parte traseira do automóvel. “Nesse momento eu estava passando pela Segunda Ponte e o cabo Castão mandou eu parar a viatura. Nesse contexto eu entendi que ele havia mandado eu parar a viatura para colocar ele no cofre. O Kaylan só estava um pouco agitado, tanto é que ele em momento nenhum desobedeceu.”

O cabo já respondeu por dois crimes ocorridos durante o trabalho e ainda responde a um outro processo, que está em andamento na Justiça. Todos os três foram indiciados por homicídio qualificado pela impossibilidade de defesa da vítima.


"É como se eu morresse mais um pouco", diz mãe

Leicester Ladário, mãe de Kaylan, desabafou sobre os dias após a morte do filho. Para ela, tudo foi uma sequência de erros.

"A cada dia, a cada momento em que tem essas audiências, esses fatos, é como se eu morresse mais um pouco, porque dói. Eu só queria que tudo acabasse, que eles falassem logo a verdade, que fossem condenados e que acabasse. Sei que não vai trazer o meu filho de volta, mas vai trazer sensação de justiça, que não estamos tendo no momento", frisou Ladário.


Fonte: A Gazeta



Postagem Anterior Próxima Postagem