A febre da IA no Brasil: entusiasmo cresce, mas eficiência não acompanha

 Especialistas alertam para uma “bolha de expectativas” no país: investimentos crescem, mas aplicação prática ainda é baixa e falta estratégia nacional


O Brasil vive um momento decisivo na corrida global pela inteligência artificial (IA). Enquanto o setor privado aumenta rapidamente os investimentos e coloca a tecnologia no centro de suas estratégias, especialistas apontam que o país ainda enfrenta um grande descompasso entre o que se promete e o que realmente se entrega — cenário que pode gerar desperdício de recursos e até uma “bolha de expectativas”.

Um levantamento destacado pelo Valor Econômico mostra que empresas brasileiras têm destinado verbas recordes para projetos de IA, mas a utilização prática da tecnologia continua limitada. Segundo os analistas, há um verdadeiro “abismo” entre os investimentos realizados e a capacidade das organizações de transformar esses recursos em inovação concreta, produtividade e serviços mais eficientes.

A Forbes Brasil reforça essa avaliação ao apontar que a euforia em torno da IA pode estar superestimando resultados no curto prazo. Para colunistas, o mercado brasileiro vive um momento em que promessas grandiosas nem sempre são acompanhadas de soluções robustas. Parte das empresas adota ferramentas movidas mais pelo impulso de acompanhar tendências do que por planejamento real, o que aumenta o risco de frustração e de projetos que não entregam impacto significativo.

No campo das políticas públicas, o pesquisador e especialista em tecnologia Ronaldo Lemos afirma que o país corre o risco de permanecer como consumidor — e não produtor — de inovação. Segundo ele, sem uma estratégia nacional clara, investimento em pesquisa e regulamentação moderna, o Brasil pode ficar para trás justamente no período em que a IA mais redefine economias e mercados no mundo inteiro.

Para os especialistas, o momento exige equilíbrio: de um lado, aproveitar o potencial transformador da IA; de outro, evitar promessas exageradas e construir bases sólidas para que o país não desperdice oportunidades. Os analistas são unânimes em dizer que o Brasil ainda tem chances de ocupar posição relevante na nova economia tecnológica — mas apenas se souber transformar investimento em resultado e correr para reduzir a distância entre discurso e prática.




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