'Dama-escarlate': nova bromélia é descoberta em Nova Venécia e já corre risco de desaparecer


De coloração vinho e forma elegante, a espécie descoberta recentemente pode desaparecer devido à mineração e ao avanço das atividades humanas nas imediações onde foi encontrada.

A espécie foi localizada em um floramento rochoso isolado no Espírito Santo — Foto: Vitor Manhães/ Divulgação

Pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) descobriram uma nova espécie de bromélia, a planta foi descoberta em Nova Venécia, no Noroeste do Espírito Santo, em setembro de 2024 e batizada de "dama-escarlate" e já foi classificada como criticamente em perigo de extinção e pode desaparecer.

O nome científico da espécie é Stigmatodon vinosus. Ela foi localizada pela primeira vez em um inselberg, formação rochosa isolada que abriga biodiversidade única.

A coleta faz parte do projeto "Inventário da flora vascular rupícola em inselbergs negligenciados no Espírito Santo", que busca mapear a flora de formações rochosas fora de áreas de conservação.

A pesquisa foi liderada pelo doutor em ciências biológicas Vitor Manhães e pelo botânico Dayvid Couto, ambos do INMA. Também participou da expedição o magistrado Elton Leme, pesquisador colaborador do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O estudo foi publicado em outubro de 2024 no periódico científico "Phytotaxa".

Durante a floração, os pesquisadores observaram traços que diferenciam a nova espécie das demais do gênero Stigmatodon. A coloração vinho das brácteas e sépalas inspirou o nome científico vinosus, que significa "avermelhado". O nome popular "dama-escarlate" vem do formato da planta, cujas folhas lembram um vestido e as flores, um espartilho.

A espécie ocorre apenas em um ponto geográfico conhecido e está fora de unidades de conservação. Por isso, foi classificada na categoria Criticamente em Perigo (CR), segundo os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Segundo Vitor Manhães, a principal ameaça vem da extração de pedras ornamentais e da pressão humana na região.

"Qualquer alteração no uso do solo, mineração ou incêndio pode resultar na extinção imediata da espécie", alertou o pesquisador.

O formato da planta é associado a uma mulher usando espartilho e, por isso, recebeu o nome popular de "dama-escarlate", no Espírito Santo — Foto: Vitor Manhães/ Divulgação

Para tentar proteger a nova bromélia e outras espécies do local, o grupo realiza expedições de monitoramento e inventário.

"Buscamos gerar informações que sirvam de base para políticas públicas de conservação voltadas à proteção dessas plantas", explicou Manhães.

Estão sendo realizadas expedições para identificar as espécies que ocorrem no local no Espírito Santo — Foto: Vitor Manhães/ Divulgação

Da Redação / Com informações do g1 ES




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