Símbolo do cinema francês e da liberdade feminina, Bardot abandonou as telas no auge da fama, dedicou-se à defesa dos animais e passou os últimos anos cercada de controvérsias políticas.
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Brigitte Bardot em 1963 e 2001 — Foto: Jack Guez/AFP e Screen prod./Photononstop/AFP
Brigitte Bardot, atriz francesa ícone do cinema e ativista dos direitos dos animais, morreu neste domingo (28) aos 91 anos.
A artista foi hospitalizada em outubro deste ano em Toulon, perto de sua casa em Saint-Tropez, para passar por uma cirurgia, mas teve alta no mesmo mês.
A causa da morte ainda não foi divulgada.
Nascida em 28 de setembro de 1934, em Paris, ela se tornou, ainda jovem, uma das figuras mais reconhecidas do cinema.
Seu papel em E Deus Criou a Mulher (1956), dirigido por seu então marido Roger Vadim, a consagrou como um símbolo de sensualidade e liberdade que ajudou a moldar a cultura pop da década de 1960.
Ao longo de sua carreira, Bardot estrelou cerca de 50 filmes e também teve atuação como cantora e modelo, tornando-se uma das artistas mais fotografadas e comentadas de sua geração.
Nos anos 1960, consolidou seu prestígio artístico com atuações em dois clássicos: "A Verdade" (1960), de Henri-Georges Clouzot, e "O Desprezo" (1963), de Jean-Luc Godard.
Também participou de produções como “Viva Maria!” (1965), de Louis Malle, ao lado de Jeanne Moreau, “O Repouso do Guerreiro” (1964), novamente com Vadim, e “As Petroleiras” (1971), em que contracenou com Claudia Cardinale.
Em 1967, Bardot iniciou uma carreira paralela como cantora, com relativo sucesso. Em parceria com Serge Gainsbourg, gravou músicas que se tornaram populares na França, como “Harley Davidson” e “Bonnie and Clyde”.
Bardot se afastou das telas ainda em 1973, aos 39 anos, para dedicar sua vida à causa animal. Fundou a Fundação Brigitte Bardot, que passou a ser referência internacional na luta contra a crueldade e exploração de animais, mobilizando recursos e campanhas em diversos países.
Bardot cresceu em uma família católica tradicional e abastada, mas se destacou como bailarina a ponto de ser autorizada a estudar balé, conquistando uma vaga no prestigiado Conservatoire de Paris, destacou o jornal britânico The Guardian.
Ao mesmo tempo, trabalhou como modelo, aparecendo na capa da revista Elle em 1950, quando tinha apenas 15 anos.
A morte da atriz foi informada pela sua organização de defesa dos animais.
"A Fundação Brigitte Bardot anuncia, com imensa tristeza, a morte de sua fundadora e presidente, Madame Brigitte Bardot, atriz e cantora de renome mundial, que escolheu abandonar sua prestigiada carreira para dedicar sua vida e sua energia à causa do bem-estar animal e à sua fundação”, afirmou a entidade em comunicado enviado à France-Presse.
Polêmicas
As falas públicas de Bardot sobre imigração, islamismo e homossexualidade ao longo de sua vida levaram a uma série de condenações por incitação ao ódio racial.
Entre 1997 e 2008, ela foi multada seis vezes pela Justiça francesa por causa de seus comentários, especialmente os dirigidos à comunidade muçulmana da França, destacou a agência de notícias Reuters.
Em um dos casos, um tribunal de Paris a condenou a pagar uma multa de 15 mil euros por descrever os muçulmanos como “essa população que está nos destruindo, destruindo o nosso país ao impor seus costumes”.
Em 1992, ela se casou com Bernard d’Ormale, ex-conselheiro da legenda de extrema direita Frente Nacional, e mais tarde passou a apoiar publicamente os sucessivos líderes do partido, Jean-Marie Le Pen e sua filha, Marine Le Pen. Bardot chamou esta última de “a Joana d’Arc do século 21”.
Questionada pelo canal francês BFM TV, em maio de 2025, se se considerava um símbolo da revolução sexual, ela respondeu: “Não, porque antes de mim muitas coisas ousadas já tinham acontecido — não esperaram por mim. O feminismo não é a minha praia; eu gosto de homens.”
Na mesma entrevista, ela foi perguntada sobre com que frequência refletia sobre sua carreira no cinema. “Eu não penso nisso”, disse, “mas também não rejeito, porque é graças a ela que sou conhecida no mundo inteiro como alguém que defende os animais.”
Paixão pelo Brasil
Em 1964, Brigitte Bardot passou uma temporada no Brasil em busca de anonimato. Após desembarcar no Rio de Janeiro e negociar com a imprensa alguns dias de tranquilidade, seguiu para Armação dos Búzios, então um vilarejo de pescadores sem infraestrutura.
Encantada com o isolamento, permaneceu no local por cerca de três meses e retornou no fim do mesmo ano.
Décadas depois, a atriz descreveu a experiência como um período de vida simples, longe dos holofotes. Sua passagem por Búzios teve impacto duradouro: o local ganhou projeção internacional e se transformou em destino turístico.
Em sua homenagem, a cidade criou a Orla Bardot e instalou uma estátua da atriz, que se tornou ponto turístico. Apesar disso, Bardot lamentava as transformações do balneário ao longo dos anos.
Fonte: g1

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