Até
2030, o Brasil deve mais que duplicar a produção líquida de gás natural,
segundo projeção da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal vinculada ao
Ministério de Minas e Energia. A estimativa prevê um salto dos atuais 59
milhões para 147 milhões de metros cúbicos (m³) ao dia.
Os
dados foram apresentados nesta quarta-feira (4) durante o lançamento da
publicação Perspectivas do Gás Natural no Rio de Janeiro 2019, organizado pela
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). O documento traz
informações e análises de interesse do mercado, em textos assinados por
instituições públicas e privadas que atuam no setor e fizeram considerações no
evento.
De
acordo com a EPE, o principal condutor do crescimento será a produção na camada
pré-sal das bacias de Campos e de Santos e na camada pós-sal da bacia de
Sergipe-Alagoas. Dos 147 milhões de metros cúbicos ao dia, 71 milhões viriam da
camada pré-sal.
Para
atingir essa projeção, no entanto, a estatal aponta a necessidade de ampliação
da infraestrutura. Isso porque a produção superará o volume suportado pelas
atuais rotas de escoamento a partir dos campos do pré-sal. A malha para
transporte até os potenciais pontos de demanda também precisará de
investimentos.
"Vemos
a necessidade de infraestrutura adicional de escoamento. Estamos falando de
chegar em 2030 na área do pré-sal com 71 milhões de m³ por dia. O que equivale
a quase 30 milhões a mais de necessidade de escoamento", disse o diretor
de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis da EPE, José Mauro Coelho.
Segundo Coelho, as atuais rotas que estão em operação ou em construção
totalizam uma capacidade de 44 milhões de m³, volume que deverá ser alcançado
pela produção brasileira em 2026.
A EPE
estima que, até 2030, o Brasil poderá se tornar um dos cinco maiores produtores
de petróleo do mundo. Para a EPE, o crescimento significativo na produção de
gás natural ocorrerá atrelado às estratégias que o país traçou para a
exploração de petróleo na camada do pré-sal. A empresa lembra que, entre 2009 e
2018, a produção brasileira de gás natural cresceu em média 7,6% ao ano. Nesse
período, a produção a partir da camada pré-sal saltou de 1% para 51% de toda a
produção nacional.
No ano
passado, o Brasil ocupou a 32ª posição no ranking dos países com as maiores
reservas provada de gás natural com 368,9 bilhões de m³. O Sudeste responde por
79% das reservas, sendo 62,5% no Rio de Janeiro. De acordo com a EPE, o estado
do Rio precisa ser capaz de aproveitar esse cenário para atrair investimentos
de infraestrutura em escoamento, processamento e transporte de gás natural;
fomentar investimentos na geração de energia; estimular o uso de gás natural na
indústria e ampliar o consumo nos setores industriais e de transportes.
Remuneração do transporte
Nas
conclusões da publicação, a Firjan diz que o programa Novo Mercado de Gás,
lançado em julho pelo governo federal com o objetivo de promover uma abertura
do setor, não transformará a realidade de imediato e demandará um processo
contínuo de diálogo. Um dos desafios apontados pela entidade é repensar o
modelo de remuneração do transporte, que impacta no custo do metro cúbico do
gás natural.
Dados
incluídos no documento mostram que, entre 2016 e junho de 2019, o produto
brasileiro foi 40% mais caro que o importado da Bolívia e que os preços na
Alemanha, no Reino Unido e nos Estados Unidos são ainda mais baixos. Segundo a
Firjan, hoje a oferta nacional de gás natural no país representa 70% do total.
O restante da oferta é importado.
A
publicação traz ainda detalhes da agenda regulatória proposta pela Agência
Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para garantir maior
previsibilidade ao mercado. A autarquia vinculada ao Ministério de Minas e
Energia planeja, já para o ano que vem, publicar norma que estabelece os
critérios de autonomia e independência dos transportadores de gás natural. Além
disso, quer regulamentar a interconexão entre os gasodutos e rever regras relacionadas
às tarifas de transporte.
A
agenda cita medidas previstas para 2021, 2022 e 2023, entre as quais estão a
criação ou revisão de regras sobre repasse de receita entre os transportadores,
registro de contratos de compra e venda de gás natural, capacidade de
transporte dos gasodutos e o acesso aos terminais de gás natural liquefeito
(GNL).
Fonte: Agência Brasil!


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