O Banco do Brasil planeja uma
série de iniciativas para competir melhor com rivais privados, depois que o
presidente Jair Bolsonaro descartou planos de privatizar a instituição, de
acordo com quatro pessoas familiarizadas com o assunto.
O plano inclui alterar as regras de emprego
para facilitar a contratação e demissão de funcionários do banco e remover
algumas restrições salariais, manter dividendos em patamares elevados a partir
da venda de ativos e fechar parcerias com fintechs e outras startups, disseram
essas pessoas, que se recusaram a ser identificadas porque o plano ainda não é
público.
As iniciativas foram aprovadas pelo conselho
de administração do banco, disseram duas das fontes. O jornal Valor Econômico
divulgou na quinta-feira o plano do banco de formar joint ventures com fintechs,
mas os outros detalhes não foram divulgados anteriormente.
Alguns pontos do plano ainda dependem de
aprovações do governo para avançar e podem ser de difícil aprovação política,
além de enfrentar resistência dos quase 94 mil empregados do Banco do Brasil,
como é o caso das mudanças salariais e nas regras de demissão.
As fontes disseram que as conversas com o
Ministério da Economia sobre regras de emprego começaram no ano passado e que
qualquer mudança provavelmente se aplicaria a outras empresas controladas pelo
Estado. No entanto, o resultado dessas discussões permanece incerto.
O Banco do Brasil se recusou a comentar o
assunto. O Ministério da Economia negou que mudanças na forma como as empresas
estatais contratam e demitem estejam em discussões. Mas duas fontes do
ministério disseram à reportagem que as conversas estão acontecendo na
secretaria especial de Desestatização, comandada por Salim Mattar. Uma dessas
fontes acrescentou que as discussões são preliminares.
O plano do Banco do Brasil para ganhar
competitividade ilustra como a realidade da política brasileira torna mais lenta
a agenda do presidente Bolsonaro. Ele assumiu como presidente em janeiro de
2019 com a promessa de reduzir o papel do governo na maior economia da América
Latina, mas tem falhado em algumas promessas.
Logo após assumir o cargo, seu governo
instalou uma nova administração no Banco do Brasil, o segundo maior banco do
país em ativos, com um valor de mercado de 146 bilhões de reais, além de
iniciar uma série de desinvestimentos.
Fonte:
Exame