Em mais um dia de
tensão por causa do impacto do novo coronavírus sobre a economia, o mercado
financeiro voltou a registrar turbulências. Em alta pela sétima sessão seguida,
o dólar voltou a fechar no maior valor nominal desde a criação do real. Nesta quinta-feira
(27), o dólar comercial encerrou a sessão vendido a R$ 4,475, com alta de R$
0,031 (+0,7%). Depois de registrar a maior queda diária em quase três anos, a
bolsa voltou a cair.
O dólar operou em
alta durante toda a sessão. Na máxima do dia, por volta das 11h40, a cotação
chegou a R$ 4,50. A divisa desacelerou no início da tarde e chegou a R$ 4,45
por volta das 15h30, mas operou ao redor de R$ 4,47 nas horas finais de
negociação.
Desde o começo do
ano, o dólar acumula valorização de 11,52%. O euro comercial fechou o dia
vendido a R$ 4,924, com alta de 1,63% nesta quinta-feira.
O Banco Central (BC)
vendeu, nos primeiros minutos de negociação, US$ 500 milhões em contratos
de swap cambial – que equivalem à venda de dólares no mercado futuro
– e anunciou um leilão de US$ 1 bilhão para amanhã (27). Mesmo assim, os
anúncios foram insuficientes para segurar a alta do dólar.
No mercado de ações,
a bolsa voltou a enfrentar mais um dia de queda. O índice Ibovespa, da B3
(antiga Bolsa de Valores de São Paulo), encerrou esta quinta-feira aos
102.983 pontos, com recuo de 2,59%. Ontem, o indicador caiu 7% e teve o
maior recuo para um dia desde 17 de maio de 2017, quando havia caído
8,8% após a divulgação de conversas do então presidente Michel Temer.
Nas últimas semanas,
o mercado financeiro em todo o mundo tem atravessado turbulências em meio ao
receio do impacto do coronavírus sobre a economia global. Além da interrupção
da produção em diversas indústrias da China, a disseminação da doença na Europa
e a confirmação do primeiro caso no Brasil indicam que outras economias podem
reduzir a atividade por causa do vírus.
Com as principais
cadeias internacionais de produção afetadas, indústrias de diversos países,
inclusive do Brasil, sofrem com a falta de matéria-prima para fabricarem e
montarem produtos. A desaceleração da China também pode fazer o país asiático
consumir menos insumos, minérios e produtos agropecuários brasileiros. Uma
eventual redução das exportações para o principal parceiro comercial do Brasil
reduz a entrada de dólares, pressionando a cotação.
Entre os
fatores domésticos que têm provocado a valorização do dólar, está a
decisão recente do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de
reduzir a taxa Selic – juros básicos – para 4,25% ao ano, o menor nível da
história. Juros mais baixos desestimulam a entrada de capitais estrangeiros no
Brasil, também puxando a cotação para cima.
Com informação Agência Brasil