O Brasil teve em 2019 teve 1.109 óbitos
decorrentes de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) por influenza, segundo
o último relatório do Ministério da Saúde.
O número representa 22,5% de todas as mortes
por SRAG que fazem parte do levantamento — elaborado por amostragem, ou seja,
apenas uma parcela dos casos é contabilizada.
O subtipo de vírus da gripe que mais matou
foi o H1N1, o mesmo da epidemia de 2009, que corresponde a 787 óbitos. Além
disso 73% das mortes foram de pessoas com fatores de risco determinados para a
doença.
O pneumologista Pedro Rodrigues Genta, da BP
- A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica que a maior parte dos
infectados por influenza não possui grandes complicações.
Segundo o relatório, 54,6% dos óbitos foram
de pacientes com mais de 60 anos. Em segundo e terceiro lugares, aparecem as
pessoas com doenças cardiovasculares crônicas (35,9%) e diabéticas (27,6%).
Genta afirma que idosos possuem o sistema
imunológico e saúde fragilizados e costumam ter outras doenças cardiovasculares
e respiratórias crônicas.
“Eles possuem uma capacidade física e
imunológica limitada para lidar com esse tipo de situação.”
O pneumologista explica que doenças
cardiovasculares crônicas podem ser descompensadas pelo quadro infeccioso
gripal.
“O quadro vai exigir mais do organismo e do
coração, que já possui uma deficiência. A frequência cardíaca fica aumentada o
que coloca o coração do paciente em risco.”
Pacientes diabéticos também podem ter a
imunidade prejudicada, se a doença não estiver sob controle. Além disso, a
diabetes pode acometer doenças cardiovasculares e renais, que podem complicar o
quadro.
Número
de óbitos pode ser ainda maior
O estado de São Paulo foi o que mais
concentrou mortes por influenza: 24,6%. Além disso observa-se um maior número
de casos e mortes nas regiões Sul e Sudeste.
Segundo o relatório do ministério, o maior
número de casos e óbitos nessas regiões é devido à “concentração populacional e
também ao maior número de unidades sentinelas de SRAG para influenza, por isso
faz-se necessário o fortalecimento da vigilância da influenza nas outras
regiões do país (Centro-Oeste, Norte e Nordeste)”.
Para Genta, o resultado do relatório é por
conta da falta de acesso ao diagnóstico.
“Fora desses centros, o acesso é ruim. Em
muitos hospitais, nem sequer existe a disponibilidade de fazer o diagnóstico.
Muitas vezes se trata com antibiótico, achando que é uma pneumonia bacteriana e
na verdade é viral.”
Campanha
de vacinação antecipada
A campanha de vacinação contra gripe
deste ano foi antecipada pelo Ministério da Saúde.
Segundo o ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, mesmo que a vacina não apresente eficácia contra o coronavírus, é uma
forma de auxiliar os profissionais de saúde a descartarem as influenzas na
triagem e acelerarem o diagnóstico para o novo coronavírus.
Para o pneumologista, a mortalidade da gripe
é muito negligenciada no Brasil e corremos o risco de dar importância indevida
ao novo coronavírus.
“[A gripe] é uma doença que se pode prevenir
com vacina. Nesta fase em que teremos um risco maior do novo coronavírus,
teremos também um risco maior de gripe, que tem sintomas muito parecidos.”
Genta explica que todos dentro do grupo de
risco devem se vacinar. As pessoas que não se encaixam nas definições de risco
podem consultar seus médicos para avaliar o custo x benefício da vacinação.
Mandetta afirmou em coletiva de imprensa que
a campanha começará vacinando gestantes, crianças de até seis anos, puérperas e
idosos. Depois, serão incluídas outras categorias.
Fonte:
R7 Noticias