O 08 de março diferente
de várias outras datas comemorativas, não foi criado pelo comércio; o dia
internacional da mulher originou-se de intensa luta das mulheres pelo
reconhecimento de seus direitos.
Apesar de ser comum
muitas mulheres receberem felicitações, presentes, flores, cartões com
mensagens bonitas, beijos, abraços e diversas homenagens neste dia tão
celebrado, ainda se ouve por aí a fora uma velha expressão: “O dia da
mulher é todo dia”. Verdade, a expressão faz um pouco de sentido, todo dia é
dia de celebrar a vida, dia de ser lembrada, mas, como comprovam diversos
relatos históricos sobre a luta das mulheres em busca de direitos e
igualdade, a simbologia e a história por trás do dia 08 de março são
fortes demais para serem deixadas de lado.
As datas lembradas
internacionalmente, muitas delas, são um apelo social e uma forma de denúncia
de injustiças sutilmente praticadas no mundo moderno, o dia internacional das
mulheres é uma dessas datas. O objetivo principal do 08 de março é
desnaturalizar a dominação masculina, que até hoje se manifesta de formas sutis
e se concretiza no ambiente doméstico, no mundo corporativo e na política. No
Brasil, não há exagero nenhum em dizer que vivemos numa sociedade extremamente
machista. Em casa, por exemplo,
sala e cozinha: culturalmente, qual é o ambiente masculino e qual é o feminino?
Nas empresas os papéis
de chefia e liderança, quase que absolutamente, estão em mãos masculinas. Nas
esferas do poder público não é diferente. E é assim em muitos âmbitos da vida,
no âmbito afetivo/sexual também fica caracterizado o papel de submissão
feminina: ‘possuir’ e ser ‘possuída’. As comuns e horríveis expressões ‘dar’ e
‘pegar’.
O Presidente da
República, Exmo. Senhor Jair Messias Bolsonaro, numa característica comum de
sua personalidade, recentemente protagonizou insulto a uma repórter usando, na
forma pejorativa, a expressão ‘dar’. “Ela quis 'dar' o furo”, disse
ele se referindo a uma repórter da Folha. Uma agressão verbal de extrema
grosseria e desrespeito, expressa publicamente. E parece que esse foi apenas
mais um dos muitos ataques que o Excelentíssimo Senhor Presidente,
comumente, desfere contra mulheres. Além desta fala desrespeitosa do Presidente, outra coisa que me incomodou muito nesse episódio, foi o fato de que com aquele
ataque verbal, ele arrancou gargalhadas de alguns dos que o acompanhavam. São
os que dizem que esse comportamento do mandatário brasileiro é apenas uma
reação normal do mesmo às perseguições que sofre da impressa.
Num tempo em que
buscamos mudanças de paradigmas e de comportamentos ver o chefe maior da nação
desferir ataques desse nível, eu particularmente penso que estamos vivendo um
retrocesso e não podemos vê-lo como normal. Para mim ataques desse tipo, contra
quem quer que seja nunca me parecerão coisa de gente normal e educada.
A luta de muitos
movimentos femininos construiu revoluções, muitas a preço de sangue: brigamos
pelo direito de estudar, por melhores condições de trabalho, pelo direito de
votar, pela igualdade de direito entre homens e mulheres, pelo combate e
punição à violência doméstica e ainda há muito a se conquistar. Quero apenas
incitar reflexões, somos mulheres, por natureza divina somos diferentes, fomos
arquitetadas para sermos diferentes. Para sermos companheiras sempre, submissas
nunca!
(Por Claudiana
Venancio Ribeiro – Noroeste News)