Em mais um dia tenso
no mercado financeiro, o dólar subiu e voltou a bater recorde nominal desde a
criação do real. Nem as intervenções do Banco Central conseguiram segurar a
cotação. A bolsa de valores recuou quase 5% e teve a maior queda diária em uma
semana.
Em alta pela 12ª
sessão seguida, o dólar comercial encerrou esta quinta-feira (5) vendido a R$
4,651, com alta de R$ 0,07 (+1,54%). A divisa operou em alta durante toda a
sessão. Na máxima do dia, por volta das 14h40, encostou em R$ 4,67.
Desde o começo do
ano, o dólar acumula valorização de 15,9%. O real tornou-se a moeda que mais se
desvalorizou em todo o planeta em 2020. O euro comercial também bateu recorde
nominal e fechou em R$ 5,198, com alta de 1,8%.
A depreciação no
câmbio poderia ter sido maior se o Banco Central (BC) não tivesse intervindo. A
autoridade monetária leiloou US$ 2 bilhões em novos contratos de swap cambial,
que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. O BC promoveu um leilão
pela manhã e um à tarde. No início da noite, o BC anunciou que leiloará mais
US$ 2 bilhões em contratos de swap nesta sexta-feira (6).
No mercado de ações,
o dia também foi marcado pelo nervosismo. O índice Ibovespa, da B3 (antiga
Bolsa de Valores de São Paulo), encerrou a quinta-feira aos 102.233 pontos, com
recuo de 4,65%. Essa foi a maior queda diária desde o dia 26, quando o índice
caiu 7%.
Nas últimas semanas,
o mercado financeiro em todo o mundo tem atravessado turbulências em meio ao
receio do impacto do coronavírus sobre a economia global. Recentemente, a
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu, de
2,9% para 2,4%, a previsão de crescimento econômico mundial para 2020 .
A decisão do Federal
Reserve (Fed), Banco Central norte-americano, de reduzir os juros básicos dos
Estados Unidos em caráter emergencial pode forçar o Banco Central brasileiro a
reduzir a taxa Selic (juros básicos da economia) na próxima reunião do Comitê
de Política Monetária (Copom).
Com as principais
cadeias internacionais de produção afetadas por causa da interrupção da
atividade industrial na China, indústrias de diversos países, inclusive do
Brasil, sofrem com a falta de matéria-prima para fabricar e montar produtos.
A desaceleração da
China, segunda maior economia do planeta, também pode fazer o país asiático
consumir menos insumos, minérios e produtos agropecuários brasileiros. Uma
eventual redução das exportações para o principal parceiro comercial do Brasil
reduz a entrada de dólares, pressionando a cotação.
Entre os fatores
domésticos que têm provocado a valorização do dólar, está a decisão recente do
Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a taxa Selic –
juros básicos – para 4,25% ao ano, o menor nível da história. Juros mais baixos
desestimulam a entrada de capitais estrangeiros no Brasil, também puxando a
cotação para cima. Hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, atribuiu a
desvalorização do real à desaceleração da economia global, aos efeitos do
coronavírus e à queda dos juros.
Fonte: Agência Brasil