Levantamento foi
feito pelo Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV.
A Caixa Econômica
Federal (CEF) começa a pagar nesta sexta-feira (28) a última das cinco parcelas
do Auxílio Emergencial já aprovadas pelo governo. O benefício, no
entanto, pode ganhar sobrevida: na semana passada, o presidente Jair
Bolsonaro afirmou que o benefício será estendido até dezembro. O valor, no
entanto, não foi definido.
Para os trabalhadores
que receberam o benefício, as parcelas conseguiram compensar a perda de
renda provocada pela pandemia de coronavírus. Um estudo do Centro de Estudos em
Microfinanças e Inclusão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV) apontou,
no entanto, que esse cenário pode ficar bem diferente se houver redução do
valor das parcelas.
O estudo calculou a
perda de renda do trabalhador caso haja a redução no valor do auxílio
emergencial para um valor fixo de R$ 300 para todos os beneficiários - sem
diferenciação no caso das mulheres chefes de família, que hoje recebem R$ 1,2
mil por parcela.
Segundo o estudo,
profissionais como cabeleireiro e manicure podem ter queda de 17% na renda, na
comparação com a renda usual - isto é, os valores normalmente recebidos antes
da pandemia. Para taxistas e motoristas de aplicativo, a perda estimada é de
12%.
Para outros
profissionais, no entanto, a redução ainda deixaria os beneficiários com
rendimento maior que a renda usual - caso dos agricultores, operadores de
telemarketing, porteiros, zeladores e faxineiros.
Corte pela metade
Outra simulação feita
pelos pesquisadores é o corte no pagamento do auxílio pela metade - inclusive
para as mães que chefiam a casa, que passariam a receber R$ 600 em vez dos
atuais R$ 1,2 mil.
Nesta situação, a
perda de renda em relação ao ganho antes da pandemia ocorrerá em escala menor.
Nesse cenário, cabeleireiros e manicures, por exemplo, perdem 7% da renda,
enquanto taxistas e motoristas de aplicativo têm queda de 5%.
Ganho de 34% na renda
Os pesquisadores
também atualizaram os números sobre o impacto do pagamento do auxílio
emergencial na renda do brasileiro. Para fazer o cálculo usaram os dados da
pesquisa Pnad-Covid, do IBGE, e compararam com o que ganhava o trabalhador
antes da pandemia. Em julho, a renda média cresceu 34%. No mês anterior, junho,
o ganho foi de 29%.
Essa diferença se
deve principalmente ao fim da quarentena nas cidades: “provavelmente, isso
decorre do maior nível de abertura e funcionamento das atividades econômicas
após uma contenção mais forte, visando achatar a curva da pandemia”, indica o
estudo.
A pesquisa simula
ainda a perda na renda em relação à renda antes da pandemia sem o pagamento do
auxílio - média de 14% em julho. Em algumas categorias, como dos profissionais
liberais, esse índice passaria dos 30%.
Estados
O estudo revela
também os estados que mais ganharam com o pagamento do benefício.
“Quando se considera
a distribuição geográfica dos efeitos do Auxílio Emergencial ao longo do tempo,
os maiores efeitos de renda são nos estados do Norte e Nordeste. Alagoas,
Sergipe e Maranhão tiveram aumentos de mais de 120% na renda", diz a
pesquisa.
O coordenador do
estudo, Lauro Gonzalez, do centro de Estudos e Microfinanças e inclusão
financeira da FGV, diz que “o pagamento do auxílio deu uma turbinada grande na
renda, e mais que compensou as perdas por conta da pandemia, representando um
valor significativo para a maior parte da população, principalmente nas classes
mais pobres C, D e E”.
Lauro lembrou ainda
que 30% da população brasileira, mais de 60 milhões de pessoas, tem renda per
capita mensal de R$ 500 , abaixo dos R$ 600 pagos pelo governo.
Com Informações G1 Globo