Foi autorizada a importação de 120 bulks (ou bolsas) de 200 litros cada contendo "formulado em granel" da vacina
A Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta terça, 29, que
autorizou o Instituto Butantã a importar em caráter excepcional a matéria-prima
para a produção de 40 milhões de doses da Coronavac, vacina contra a covid-19
desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o instituto
brasileiro. Foi autorizada a importação de 120 bulks (ou bolsas) de 200 litros
cada contendo "formulado em granel" da vacina.
O
Butantã reclamava de demora da agência na avaliação do pedido. Em coletiva de
imprensa nesta quarta, o diretor do instituto, Dimas Covas, afirmou que o
atraso na resposta poderia ter impacto na produção nacional da Coronavac.
Segundo ele, a solicitação aguardava aval da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) há mais de um mês, desde 23 de setembro - e a expectativa
inicial era de uma resposta da agência em até duas semanas.
"Desde
quando nós iniciamos todo esse processo da vacina, obviamente que cada dia
conta. E a nossa previsão era para iniciar a produção da vacina na segunda
quinzena de outubro. Esse atraso na emissão dessa autorização pode ter, sim,
efeito na produção da vacina. Cada dia que nós aguardamos essa autorização
significa um dia a menos de vacina."
O
Butantã disse ter entrado com o pedido de importação no fim de setembro. A
Anvisa liberou, no dia 23 de outubro, a importação de 6 milhões de doses da
Coronavac já prontas, mas afirmou que precisava de informações complementares
para liberar também a importação da matéria-prima necessária para a fabricação
das demais unidades.
De
acordo com a Anvisa, o tema foi discutido entre terça e quarta-feira em
Circuito Deliberativo, instância de votação on-line dos diretores da Agência.
Eles determinaram algumas condições para a importação excepcional, como a
obrigação do Butantã em "garantir a adequabilidade do transporte,
armazenamento e guarda do produto, se responsabilizando pelas instalações,
equipamentos, pessoal, medidas e procedimentos necessários para a contenção, ou
seja, para a segurança do meio ambiente e do operador, bem como a integridade
dos recipientes usados para armazenar produtos intermediários".
A
Anvisa destacou ainda que a utilização da vacina ficará condicionada à obtenção
de seu registro sanitário da agência. "Caso a vacina não obtenha o registro
sanitário pleiteado, o Butantã se compromete a destruir o produto, respeitando
as normas de destinação de resíduos em vigor", destacou o órgão, no
documento em que autoriza a importação. A Coronavac está na fase 3 de estudos
clínicos, a última antes da aprovação. Análises preliminares demonstraram que o
imunizante é seguro, mas os resultados de eficácia devem sair somente no fim do
ano.
Envio
O
Instituto Butantã confirmou o recebimento da autorização e disse que o insumo a
granel será formulado e envasado no instituto, "que já conta com toda a
estrutura necessária para o processamento do imunizante". O Butantã afirma
que, após esta aprovação, continua em tratativas com a Sinovac para a liberação
da matéria-prima e posterior envio ao Brasil.
O
governador João Doria comemorou a decisão em suas redes sociais. "Agradeço
a Anvisa pela aprovação da importação da matéria-prima para a produção nacional
da vacina contra a covid-19", declarou ele, no Twitter. "Desta forma,
poderemos produzir a Coronavac aqui em SP, no Instituto Butantã, que há 120
anos presta serviços ao País e produz vacinas para os brasileiros."
Ontem,
João Doria (PSDB) voltou a declarar que defende uma campanha nacional de
imunização, mas disse que, se isso não ocorrer, o Butantã pode ofertar o
imunizante a outros Estados que tiverem interesse.
Além
disso, afirmou que São Paulo poderá bancar as demais doses para atingir o
número de 100 milhões, mesmo sem verba do Ministério da Saúde.
"Infelizmente, se houver uma negativa por ações de ordem política ou
ideológica, São Paulo, mediante a aprovação da Anvisa, comprará a vacina,
distribuirá a vacina e dará para todos os governos estaduais que
desejarem", disse.
Governadores vão se reunir com Maia e
Alcolumbre
Apreensivos
com o imbróglio envolvendo o desenvolvimento das vacinas, governadores vão se
reunir com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi
Alcolumbre (DEM-AP), na próxima semana, para tratar do assunto. Os chefes dos
Executivos estaduais e secretários de Saúde já chegaram a cogitar a
possibilidade de se unir em um consórcio para financiar e distribuir a
Coronavac. "Nós teremos uma reunião, se não me engano no dia 3",
disse ontem o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), ao falar sobre a
necessidade de encontrar uma solução para o assunto. Há expectativas de que o
ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que contraiu covid, também participe da
conversa, mas a presença dele não está confirmada.
As informações são do jornal O
Estado de S. Paulo