Vacina produzida por laboratório chinês em parceria com o Instituto Butantan ainda não teve autorização para ser aplicada no Brasil e está na 3ª fase de testes, que analisa a eficácia após aplicação em milhares de voluntários.
O
governo do estado de São Paulo recebeu na manhã desta quinta-feira (19) as 120
mil primeiras doses da CoronaVac, vacina contra a Covid-19. O material foi
importado da China e desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria
com o Instituto Butantan.
O
governador João Doria (PSDB), o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e o
secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchtey, acompanharam a chegada do lote,
que foi trazido em um voo da China que desembarcou no Aeroporto Internacional
de Guarulhos, na Grande São Paulo.
A
CoronaVac é uma das quatro candidatas a vacina contra o novo coronavírus
(Sars-CoV-2) que estão sendo testadas no Brasil. O governo de São Paulo
firmou acordo para a compra de 46 milhões de doses e para a transferência de
tecnologia para o Instituto Butantan.
Para
ser aplicada na população, a vacina ainda precisa ser autorizada pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Isso só pode ocorrer após a
conclusão da realização de testes.
Atualmente,
a CoronaVac está na terceira e última fase de testes, quando é avaliada em
humanos. O estudo mais recente sobre a vacina aponta que ela mostrou
segurança e resposta imune satisfatória durante as fases 1 e 2 de testes. Não
há ainda, no entanto, estudos conclusivos sobre a fase 3 dos testes.
Até 6 milhões de doses até o fim do
ano
As 120
mil doses fazem parte de um lote de 6 milhões previsto para chegar até o final
de dezembro. Elas serão armazenadas em um local que não foi divulgado pelo
governo paulista por questões de segurança.
Além
das vacinas, que já virão prontas, o Instituto Butantan deve receber ainda este
ano parte da matéria-prima para fabricar outras 40 milhões de doses, também de
acordo com o governo do estado.
Na
madrugada desta quinta (19), o diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas
Covas, comemorou a chegada da vacina da Sinovac em solo nacional e disse que os
testes clínicos da Coronavac estão avançados. A expectativa dele é enviar
os resultados da última fase dos estudos sobre a vacina para aprovação pela
Anvisa ainda em 2020.
“Ficamos,
portanto, só no aguardo do registro da Anvisa. É a primeira vacina que aporta
em solo nacional. Isso é importante: o Brasil já tem a sua vacina, que vai
estar aguardando os trâmites junto à Anvisa e junto ao Ministério da Saúde para
poder iniciar o programa de vacinação. E esperamos que comece aí em meados de
janeiro no máximo até fevereiro e aguardamos as definições do Ministério da
Saúde”, disse Dimas Covas ao Jornal da Globo.
Na
manhã desta quinta, o governador João Doria disse que a CoronaVac "é uma
das vacinas que vai ajudar a salvar a vida de milhões de brasileiros".
"Até
o final de dezembro serão 6 milhões [de doses], até janeiro, 46 milhões. E,
muito em breve, podemos chegar a 100 milhões de doses. Nós temos, sim, outras
vacinas também. A vacina salva, a vacina pode colocar a normalidade na vida do
pais”, disse Doria após receber o lote.
Eficácia da Coronavac
Um
estudo feito com 743 pacientes apontou que a CoronaVac mostrou segurança e
resposta imune satisfatória durante as fases 1 e 2 de testes.
A fase
2 dos testes de uma vacina verifica a segurança e a capacidade de gerar uma
resposta do sistema de defesa. Normalmente, ela é feita com centenas de
voluntários. Já a fase 1 é feita em dezenas de pessoas, e a 3, em milhares. É
na fase 3, a atual, que é medida a eficácia da vacina.
“Nossas
descobertas mostram que a CoronaVac é capaz de induzir uma resposta rápida de
anticorpos dentro de quatro semanas de imunização, dando duas doses de vacina
em um intervalo de 14 dias”, disse o professor Fengcai Zhu, autor principal do
estudo.
Importação e disputa política
No
final de outubro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
liberou a importação de 6 milhões do imunizante.
Até
momento, apenas dados parciais referentes à segurança da vacina foram
apresentados pelo governo de São Paulo, mas eles não foram enviados ao
órgão ou publicados em revistas científicas.
A
CoronaVac é alvo de disputa política envolvendo o Ministério da Saúde, o
presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João
Doria.
No
final de outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou a
negociação para adquirir as 46 milhões de doses pelo governo federal.
Contrariado, o presidente Jair Bolsonaro mandou cancelar a compra. Em
seguida, o ministério afirmou que "não há intenção de compra" e
substituiu o comunicado no site.
Com Informações G1 Globo