Sedentarismo, alimentação inadequada e baseada em alimentos ultra processados e estresse contribuem para doenças como obesidade, diabetes e hipertensão, que, combinados, são fatores de risco para a esteatose
Presente
em mais de 25% da população mundial, a doença hepática gordurosa não alcoólica
é o agravo mais comum do fígado. Segundo especialistas, a incidência da
condição, também conhecida como esteatose hepática, tem crescido de forma
relevante porque está relacionada a um estilo de vida não saudável
-característica muito forte da vida ocidental moderna.
Sedentarismo,
alimentação inadequada e baseada em alimentos ultraprocessados e estresse
contribuem para doenças como obesidade, diabetes e hipertensão, que,
combinados, são fatores de risco para a esteatose. A doença ocorre quando as
células do fígado acumulam triglicerídeos em excesso e o volume do órgão passa
a ser formado por mais que 5% de gordura.
"Hoje
vivemos uma pandemia de esteatose porque temos uma epidemia de obesidade",
afirma Amélio Godoy Matos, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia. Segundo ele, 88% das pessoas com alto índice de gordura no fígado
têm sobrepeso ou obesidade.
A
doença hépática gordurosa representa um espectro. Ela começa com a esteatose e
pode evoluir para esteato-hepatite (inflamação do fígado que, em nível mais avançado,
pode apresentar fibrose), cirrose e até câncer. Cerca de 2% dos que têm a
doença evoluem para o carcinoma.
De
acordo com Claudia Oliveira, professora da Faculdade de Medicina da USP e
membro da Sociedade Brasileira de Hepatologia, essa é uma doença silenciosa:
nas fases iniciais, não apresenta sintomas, e leva, em média, mais de uma
década para chegar ao estágio de esteato-hepatite. Apesar de não apresentar
sintomas, o aumento a gordura no fígado está associado a riscos
cardiovasculares, como infarto e AVC.
Manter
um estilo de vida saudável é a principal forma de prevenção e tratamento da
doença, segundo os especialistas. Praticar atividade física e ter uma
alimentação rica em frutas, verduras, legumes, carnes magras, cereais e
bastante água são passos iniciais para isso, afirma Liliana Paula Bricarello,
colaboradora federal do Conselho Federal de Nutricionistas.
"Essa
é uma recomendação para toda a população, mas, para quem tem esteatose, é
essencial que tire da dieta os alimentos cheios de açúcares, sal e gordura,
especialmente gordura trans."
Quando
detectada em estados iniciais, a esteatose tem cura baseada especialmente
nesses cuidados de estilo de vida. Segundo Matos, já há melhora significativa
do quadro da doença quando a pessoa perde de 7% a 10% do peso. Em casos mais
graves de comprometimento do fígado, contudo, pode ser necessário até um
transplante do órgão.
Monitoramento
da doença deve ser feito regularmente Como a doença hepática gordurosa não
apresenta sintomas, pessoas que apresentam fatores de risco como circunferência
abdominal aumentada (maior que 90 cm para homens e 80 cm para mulheres),
diabetes, hipertensão devem monitorar ativamente a condição do fígado.
Mais
de 90% dos pacientes, segundo Claudia Oliveira, professora da Faculdade de
Medicina da USP e membro da SBH (Sociedade Brasileira de Hepatologia), são
assintomáticos. Por isso, muitas vezes o diagnóstico da doença é feito por
acaso, após uma ultrassonografia da bexiga, por exemplo.
"Só
há sintomas em doença do fígado quando a pessoa já tá com uma cirrose
descompensada e apresenta aumento do volume abdominal, sangramento. Isso já é
mais grave e tem indicação de transplante, por isso que a gente sempre
recomenda a pesquisa nos check-up."
A
médica indica que pacientes com fatores de risco devem solicitar ao médico
-clínico geral ou endocrinologista- o exame de ultrassom do fígado e exame de
sangue com análise de enzimas do órgão. Em casos mais avançados da doença, o
médico pode solicitar também uma biópsia para avaliar o nível de comprometimento.
"Se
tem um risco maior de fibrose, esse paciente tem que ser encaminhado a um
hepatologista, que é o médico indicado para esses casos", ela diz.
Com Informações Notícias ao Minuto