De janeiro a novembro Brasil teve 971.136 casos prováveis de dengue
Com a chegada do verão no Brasil e da chuva
em diversas regiões, uma preocupação de saúde pública aumenta: o crescimento da
circulação do mosquito Aedes aegypti e das doenças associadas a ele (chamadas
de arboviroses urbanas), como dengue, zika e chikungunya.
Conforme o último boletim epidemiológico do
Ministério da Saúde sobre o tema, lançado em dezembro, entre janeiro e novembro
foram registrados 971.136 casos prováveis de dengue no Brasil, com 528 mortes.
As maiores incidências se deram nas regiões Centro-Oeste (1.187,4 por 100 mil
habitantes), Sul (931,3/100 mil) e Nordeste (258,6/100 mil).
No mesmo período, as autoridades de saúde
notificaram 78.808 mil casos de chikungunya, com 25 óbitos e 19 casos em
investigação. As maiores incidências ocorreram no Nordeste (99,4 por 100 mil
habitantes) e Sudeste (22,7/100 mil). Já os casos de zika, até o
início de novembro, totalizaram 7.006, com incidência mais forte no
Nordeste (9/100 mil) e Centro-Oeste (3,6/100 mil).
Na avaliação do professor de epidemiologia da
Universidade de Brasília Walter Ramalho, este é o momento de discutir o
problema do Aedes aegypti e as medidas necessárias para impedir sua
proliferação. O maior desafio é diminuir os focos de criação dele.
O Aedes está no Brasil há mais de 100 anos.
Em alguns momentos, já chegou a ser erradicado. Mas nos últimos 30 anos o
inseto vem permanecendo e, segundo o professor Ramalho, se adaptando muito bem
ao cenário de urbanização do país e do uso crescente de materiais de plástico,
que facilitam o acúmulo de água propício à reprodução do mosquito.
“Todos esses materiais, que podem durar muito
tempo na natureza, podem ser criadouros do mosquito. A gente tem que olhar
constantemente o domicílio, não somente na terra como nas calhas. Este é um
momento do começo da chuva. Se não fizermos esse trabalho e se a densidade do
mosquito for elevada, não temos o que fazer”, alerta o professor.
Ele lembra que não se trata apenas de um
cuidado com a própria pessoa e sua casa, mas com o conjunto da localidade, uma
vez que domicílios com foco de criação acabam trazendo risco para toda a
vizinhança.
O professor da UnB acrescenta que o cuidado
no combate aos focos não pode ser uma tarefa somente do Poder Público. Uma vez
que qualquer residência, terreno ou imóvel pode concentrar focos, é muito
difícil que as equipes responsáveis pela fiscalização deem conta de cobrir todo
o território.
Ramalho destaca que as doenças cujos vírus
são transmitidos pelo mosquito são graves. A dengue hemorrágica pode trazer
consequências sérias para os pacientes.
“A zika causou microcefalia no Nordeste e em
algumas cidades de outras regiões. E precisamos nos preocupar com a
chikungunya. Ela causa sintomatologia de muitas dores articulares. Muitas
pessoas passam dois, três anos sentindo muitas dores. Isso causa desconforto na
vida durante todo esse período”, afirma.
Campanha
No mês passado, o governo federal lançou uma
campanha contra a proliferação do Aedes com o lema “Combater o mosquito é com
você, comigo, com todo mundo”. O desafio é conscientizar os cidadãos
sobre a importância de limpar frequentemente estruturas onde possa haver focos
e evitar a água parada todos os dias.
A campanha conta com a difusão de peças
publicitárias em meios de comunicação, alertando sobre esses cuidados e sobre
os riscos da disseminação do mosquito e as consequências das doenças associadas
a ele.
Com
Informações Agência Brasil