Ao contrário do que estudos anteriores mostraram, pesquisadores acreditam que uma grande dose do nutriente possa não ser capaz de melhorar casos graves
Estudos
recentes indicam que a vitamina D tem um papel importante na prevenção de
infecções contra o novo coronavírus. Mas uma nova pesquisa da Universidade
de São Paulo (USP) descobriu que uma grande dose do nutriente pareceu não
ser capaz de reduzir a gravidade da doença, ao contrário do que evidências
anteriores sugeriram. O estudo, divulgado no dia 17 de novembro, ainda não
passou pela revisão por pares.
Pesquisadores
da USP analisaram 240 pacientes hospitalizados com covid-19 em
estágio grave entre junho e outubro. Metade dos pacientes recebeu,
aleatoriamente, uma grande dose única de 200.000 UI de vitamina D3. Já a outra
metade, recebeu um placebo.
A dose
utilizada no estudo, de 200.000 UI, é 500 vezes maior que a quantidade
diária recomendada de vitamina D — muito além do que a maioria das pessoas
tomaria regularmente.
Foi
descoberto que os pacientes que receberam a vitamina não mostraram nenhuma
melhora, pasando, em média, a mesma quantidade de tempo no hospital que o grupo
que havia recebido placebo. Também apresentaram a mesma probabilidade de
precisar de cuidados intensivos, tratamento com ventilação ou falecer devido à
doença, sugerindo que a vitamina D possa não ser um tratamento eficaz
para o coronavírus grave.
A
pesquisa, no entanto, possui algumas limitações. Todos os pacientes que
participaram do estudo já haviam desenvolvido casos graves de covid-19.
Estudos anteriores apontavam que a vitamina D pode ser eficaz caso seja
administrada precocemente, antes da doença piorar. Outra limitação é que
os pacientes estavam internados no Brasil, país tropical onde as pessoas são
menos propensas a possuir deficiência de vitamina D. Portanto, é
importante a realização de exames para saber o nível da vitamina no organismo,
para descobrir se é, ou não, necessário suplementação extra.
Estudos
anteriores apontavam para uma ligação entre a falta de vitamina D e
um risco mais grave de infecção pelo coronavírus. Os estudos, no entanto,
observaram apenas os resultados gerais dos pacientes, não sendo possível
determinar se a vitamina D foi o agente principal de melhora nos resultados.
Vitamina D não faz mal
O
estudo divulgado pela USP também mostrou que dar vitamina D aos
pacientes, mesmo em uma dose muito grande, não provocou efeitos colaterais
negativos. Os pesquisadores descobriram que dos 120 pacientes que receberam a
dose de 200.000 UI, apenas um teve uma reação negativa, apresentando vômito
após a dose.
Com Informações Exame