Presidente Jair Bolsonaro: popularidade cai de 37% para 26% com o avanço da pandemia e o fim do auxílio emergencial.
Com a
crise de saúde pública em Manaus e desencontros sobre o cronograma de
vacinação, a aprovação à gestão do presidente Jair Bolsonaro caiu de 37%
para 26%, a maior queda semanal desde o início de seu governo. Agora, está no
mesmo nível de junho de 2020, um dos momentos mais críticos da pandemia. A
queda acentuada fez com que a desaprovação ao governo saltasse para 45%.
A
desaprovação do presidente é maior nos estratos de maior renda e de maior
escolaridade: entre os que ganham mais de cinco salários mínimos, 58% não
aprovam a gestão do presidente. No grupo dos que têm ensino superior, 64%
desaprovam o governo federal.
Já em
relação à aprovação do presidente, ela segue maior entre os que moram no
Centro-Oeste e os evangélicos. Entre os que moram no Centro-Oeste, 36%
aprovam o governo Bolsonaro — nas outras regiões do Brasil, esse índice varia
de 22% a 27%.
Entre
os evangélicos, 38% apoiam o governo Bolsonaro, ante 20% dos católicos e 23%
dos que declaram seguir outra religião.
O
levantamento foi realizado por telefone, em todas as regiões do país, entre os
dias 18 e 21 de janeiro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para
mais ou para menos.
“A
dinâmica dos sérios problemas em Manaus junto a falta de perspectivas sobre um
cronograma de vacinação e o fim do auxílio emergencial constituem os principais
fatores que levam à queda de popularidade do presidente”, diz Maurício Moura,
fundador do IDEIA.
Os
dados de avaliação do governo mostram um desempenho similiar: o
percentual de pessoas que considera o governo ótimo ou bom passou de 38% para
27%. Do mesmo modo, o grupo que avalia a gestão Bolsonaro como ruim ou péssima
subiu de 34% para 45%.
Manaus
A
pesquisa também perguntou se a crise de saúde pública em Manaus, que vive
uma deficiência no fornecimento de oxigênio para os hospitais e um aumento
substancial de casos de covid-19, poderia influenciar a avaliação do governo.
Para 60% dos entrevistados, o quadro atual na capital amazonense deve impactar
o modo como analisam o trabalho do presidente. Para outros 22%, não deve fazer
diferença
Quando
se observa o aspecto regional, 66% dos que moram no Nordeste dizem que a
avaliação do governo deve ser influenciada pela crise em Manaus, enquanto que
57% dos que moram no Sudeste e no Norte – epicentro da atual crise –
compartilham da mesma opinião.
O
impacto dos acontecimentos em Manaus também repercute mais na população de alta
escolaridade e renda: 71% dos que têm ensino superior dizem que a
avaliação do governo deverá ser impactada, assim como 67% das pessoas com rendimentos
superiores a cinco salários mínimos têm a mesma opinião.
“As
classes média e alta, que poucas vezes usam o sistema público de saúde por ter
plano particular, está insatisfeita porque as vacinas, a cargo do governo, não
chegam e não há, até agora, uma definição sobre o calendário da campanha de
imunização”, diz Moura. “Ao mesmo tempo, o fim do auxílio é visto negativamente
por boa parte da população.”
Pazuello
A
pesquisa EXAME/IDEIA também perguntou sobre como a população avalia o trabalho
do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Enquanto 28% dos
entrevistados consideram o trabalho do ministro como bom ou ótimo, outros 32%
consideram a gestão de Pazuello ruim ou péssima. Outros 33% avaliam como
regular.
Os
dados mostram que a avaliação do ministro é melhor do que a do presidente
Bolsonaro (27% consideram bom ou ótimo; 45% acham ruim ou péssima).
“A
população com menos instrução geralmente não sabe quem são os ministros, mas
conhecem o presidente. Por isso, o governo federal tende a ser mais
responsabilizado em momentos de grave crise”, diz Moura, do IDEIA.
Com Informações Exame