Com 2 centímetros, menor espécie de camaleão é descoberta em Madagascar


Uma equipe internacional liderada pela Coleção de Zoologia do Estado da Baviera, na Alemanha, descobriu uma nova (e minúscula) espécie de camaleão no norte de Madagascar, na África. O único macho conhecido, aparentemente adulto, da nova espécie tem um tamanho corporal de apenas 13,5 milímetros, tornando-o o menor macho conhecido entre os répteis não aviários. Além disso, uma comparação com 51 outras espécies de camaleões mostrou que este animal tem genitais excepcionalmente grandes. O estudo foi publicado na revista Scientific Reports nesta quinta-feira (28).

A nova espécie ganhou o nome de Brookesia nana. "Com um comprimento de apenas 22 milímetros, incluindo a cauda, ​​o macho é o menor de todos os 'vertebrados superiores' conhecidos'', diz, em nota, Frank Glaw, curador de Herpetologia da Coleção Estadual de Zoologia da Baviera e primeiro autor do estudo. Já a fêmea é maior, com 19 milímetros de comprimento do corpo e 29 milímetros considerando a cauda. Os dois indivíduos foram os únicos encontrados pelos pesquisadores. 

"Com a ajuda de microtomografias — essencialmente radiografias tridimensionais — fomos capazes de identificar dois ovos na espécie feminina e, assim, demonstrar que é adulta", comemora Mark D. Scherz, da Universidade de Potsdam, na Alemanha. Para determinar a maturidade sexual do macho, a equipe examinou seus órgãos genitais, chamados de hemipênis, e concluiu que eram bem desenvolvidos.

A equipe também comparou o tamanho dos hemipênis de machos do Brookesia nana com 51 outras espécies de camaleões de Madagascar e descobriu que os menores camaleões tendem a ter órgãos genitais maiores em relação ao seu tamanho corporal. No indivíduo descoberto, ele chega a 18,5% do tamanho do corpo, tornando-os o quinto maior de todas as espécies estudadas. O detentor do recorde de tamanho genital neste grupo é o Brookesia tuberculata, com hemipênis que são cerca de um terço do tamanho corporal.

Uma possível explicação para este fenômeno pode ser a diferença de tamanho entre machos e fêmeas (chamado "dimorfismo de tamanho sexual"). Em camaleões maiores, os machos tendem a ter um tamanho maior do que as fêmeas, mas em camaleões pequenos acontece o inverso. "Como resultado, os machos de espécies extremamente pequenas precisam de órgãos genitais relativamente maiores, a fim de acasalar com as fêmeas maiores", explica Miguel Vences, da Universidade Técnica de Braunschweig, na Alemanha.

As faixas de distribuição da maioria dos camaleões anões são muito pequenas. Portanto, além de apenas dois indivíduos serem conhecidos, espera-se que Brookesia nana também tenha um alcance muito limitado. "Infelizmente, o habitat do 'nano-camaleão' está sob forte pressão de desmatamento, mas a área foi recentemente designada como protegida e, com sorte, isso permitirá que este pequeno novo animal sobreviva", disse Oliver Hawlitschek, do Centro de História Natural em Hamburgo.


G1
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