A diretora do Butantan disse que outros países da América Latina, como México e Costa Rica, também estão desenvolvendo produtos semelhantes.
O Instituto
Butantan está testando em animais um soro contra o coronavírus. O medicamento
começou a ser desenvolvido há mais de cinco meses pelo instituto, usando vírus
inativo para induzir a produção de anticorpos por animais. Nos próximos dias, a
instituição deve apresentar os resultados dessa etapa da pesquisa.
O soro
que está sendo testado atualmente em hamsters foi produzido a partir da
inoculação do vírus inativo em cavalos. O corpo dos animais reage ao
microrganismo e produz anticorpos para combater a infecção. Depois, o sangue
dos equinos é coletado e esses anticorpos isolados para que possam ser usados
contra a doença. É esse produto que está sendo testado nos roedores que foram
inoculados previamente com coronavírus. Agora, os pesquisadores podem observar
se o soro será efetivo contra a doença.
Segundo
a diretora do Centro de Desenvolvimento e Inovação do Butantan, Ana Marisa
Chudzinski Tavassi, os testes clínicos do soro em animais vivos são uma
exigência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o
medicamento possa ser usado em pacientes com covid-19. “A Anvisa pediu para
fazer um teste para provar que esse teste é capaz de reduzir a quantidade de
vírus”, enfatizou em entrevista à Agência Brasil.
O
Butantan já é referência na produção de soros, como os antiofídicos, que
neutralizam os efeitos de venenos de cobras, e o antirrábico, contra a raiva.
“O Butantan produz soro há mais de cem anos”, afirmou Tavassi.
O soro
que está sendo desenvolvido no Butantan se diferencia do que está sendo
produzido no Instituto Vital Brazil por usar o vírus inteiro inativado. No
instituto de pesquisa do Riode Janeiro, o soto foi produzido a partir da reação
dos cavalos a uma das proteínas do coronavírus.
A
diretora do Butantan disseque outros países da América Latina, como México e
Costa Rica, também estão desenvolvendo produtos semelhantes. “Na Argentina já
fizeram ensaio clínico em pacientes moderados para grave, pacientes
hospitalizados. Eles provaram que funciona, que reduziu mortalidade e
necessidade de ventilação”, exemplificou.
Caso
os resultados dos testes em animais sejam favoráveis, e seja possível administrar
o medicamento e obter bons resultados também com pacientes humanos, Tavassi
acredita que o soro vai abrir uma importante possibilidade de tratamento contra
a doença no Brasil.
De
acordo com ela, o Butantan possuium número significativo de animais e infraestrutura
para fazer uma produção em escala do produto, se for o caso. Capacidade que
pode, inclusive, ser ampliada com eventuais parcerias. “A gente consegue fazer
a coisa muito rapidamente, porque a gente tem a infraestrutura para fazer isso
e o pessoal que é expert no assunto”, destacou, sobre o apoio da pesquisa em
uma construção desenvolvida ao longo de muito tempo. “É claramente o resultado
de anos e anos de investimento em uma área específica em que o Butantan é
líder.”
Com informação Agência Brasil