Internado pelo SUS em hospital da USP, Olavo de Carvalho coleciona ataques a universidades

Reprodução/Divulgação - Olavo de Carvalho

Internado em hospital da Universidade de São Paulo (USP) , o guru do bolsonarismo Olavo de Carvalho coleciona uma série de ataques às universidades brasileiras — chamadas por ele, em repetidas ocasiões, de "pontos de distribuição de drogas", "locais de suruba" e formadoras de "analfabetos funcionais".

Olavo deu entrada nesta quinta-feira no Insituto do Coração (Incor), que pertence ao Hospital das Clínicas da USP, após sofrer um "mal-estar súbito" no avião, enquanto viajava dos Estados Unidos para o Brasil. Segundo a unidade de saúde, ele está "consciente, comunicativo, com quadro clínico estável".

"O paciente, que é cardiopata, está internado para a realização de exames de avaliação geral e cardiológica", afirmou o hospital paulista em nota. O autointitulado filósofo está sendo acompanhado pelo cardiologista José Antonio Ramires.

A viagem de Olavo, revelada pelo portal Metrópoles, seria para dar continuidade a um tratamento médico. O guru lida há alguns anos com consequências da doença de Lyme, popularmente conhecida como "doença do carrapato". A internação em um hospital público universitário no Brasil provocou reações nas redes sociais, com usuários questionando por que ele não recorreu ao sistema de saúde dos EUA, cujo modelo é essencialmente baseado em seguros privados.

Além disso, em suas redes sociais, vídeos e artigos, Olavo tem um histórico de críticas às universidades brasileiras, muitas vezes associadas por ele ao "comunismo".
Pontos de distribuição de drogas

Em publicação no Twitter em março de 2019, Olavo afirmou que as universidades do Brasil são "pontos de distribuição de drogas", "locais de suruba" e de "propaganda comunopetista".

Propaganda criminosa

Em outro post de maio de 2019, o guru do bolsonarismo afirmou que a universidade brasileira gasta bilhões produzindo artigos difamatórios contra ele, o que "acaba reduzindo tudo a mera propaganda criminosa".

Sem conserto

Olavo também escreveu em seu Facebook, em 2016, que "as universidades brasileiras não têm mais conserto". Na ocasião, ele citou inclusive a USP, instituição à qual pertence o hospital onde ele está internado.

"Continuem fazendo o bom trabalho e daqui a dez anos um diploma da USP, da PUC ou da UNICAMP -- exceto em algumas raras áreas técnicas -- só servirá como garantia de desemprego", publicou.

Prejuízo maior que a corrupção

O deputado federal Eduardo Bolsonaro publicou no ano passado uma crítica às universidades brasileiras, dizendo que elas "produzem lixo acadêmico". No post, o parlamentar compartilhou um vídeo no qual Olavo aparece atacando as instiuições, que, segundo ele, dão prejuízo maior que a corrupção.

"A produção científica brasileira científica brasileira internacionalmente não existe. Ela simplesmente não é mencionada. Ninguém lê esta merda. E vai ler para quê? Para perder seu tempo? O prejuízo que é as universidades no Brasil são (sic) muito maior que a corrupção. Você pega todo roubo de dinheiro público, a universidade é pior", diz o guru em trecho do vídeo.

Geração de predadores

Em artigo intitulado "Uma geração de predadores", publicado no Jornal do Comércio e em seu site no dia 3 de junho de 2011, Olavo expõe a que mão-de-obra qualificada com ensino superior tem de "ser trazida de fora porque das universidades não vem ninguém alfabetizado". No texto, ele ainda atribui às universidades e aos profissionais que elas formam a culpa por oito problemas do Brasil, entre eles a "absoluta ausência de educação num país cujos estudantes tiram sempre os últimos lugares nos testes internacionais, concorrendo com crianças de nações bem mais pobres".

Fechar universidades

Em entrevista à BBC News Brasil, no ano passado, o escritor também chamou de "analfabetos funcionais" boa parte dos formandos das universidades brasileiras.

— Eu sei que entre 35% e 50% dos formandos das nossas universidades são analfabetos funcionais. E que as universidades que fazem isso são entidades criminosas que deveriam ser fechadas, porque isso aí é estelionato. Você prometer formação superior ao sujeito e faz dele um analfabeto funcional, é estelionato — disse Olavo.

Ele ainda defendeu o fechamento de algumas delas:

— Se eu tivesse poder absoluto sobre o ensino brasileiro, que eu nunca vou ter, nem ministro da Educação eu serei, jamais, mas digamos que eu fosse imperador do Brasil e tivesse autoridade total sobre o ensino, eu fecharia metade dessas universidade.

Fumar maconha

Em outra entrevista ao podcast Timeline, da Gaúcha Zero Hora, veiculada em 2018, Olavo repetiu que as universidade formam 50% de analfabetos funcionais e sugeriu uma "revalidação" das universidades. Ele afirmou que a educação brasileira é o problema "mais difícil que a espécie humana já enfrentou".

— Estudante representa alguma coisa? Estudante tá lá na universidade só pra fumar maconha e fazer suruba — disse o escritor.

iG



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