Ministério da Saúde volta atrás e libera vacinação para adolescentes entre 12 a 17 anos


O governo Bolsonaro voltou atrás e decidiu liberar a vacinação contra a covid-19 para adolescentes em todo o país. A informação foi confirmada pelo Ministério da Saúde em entrevista coletiva na noite desta quarta-feira.

A alteração no posicionamento do governo está em uma nota técnica de mais de vinte páginas que, segundo o Ministério da Saúde, foi publicada nesta quarta-feira. Há seis dias, a pasta restringiu a imunização a "adolescentes de 12 a 17 anos que apresentem deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade, apesar da autorização pela Anvisa do uso da Vacina Cominarty (Pfizer/Biontech)".

— Hoje foi publicada uma nota técnica, elaborada pelo ministério, que avalia todo esse cenário e verifica que os benefícios da vacinação são maiores que os eventuais riscos dos efeitos adversos da sua aplicação — disse o secretário-executivo, Rodrigo Cruz.

Na coletiva de imprensa na noite desta quarta-feira, o Ministério da Saúde afirmou que a suspensão foi feita como uma medida cautelar. O secretário-executivo da pasta, porém, afirmou que após uma análise realizada pela pasta, não houve a constatação de que haveria relação de causa e efeito entre a vacina e o óbito da adolescente.

— A mensagem chave é essa. O ministério suspendeu de forma cautelar a vacinação de adolescentes sem comorbidades, passou uma semana investigando as causas que fizeram com que se adotasse essa estratégia de suspensão, e entendeu-se que podemos sim retomar a imunização dos adolescentes —, explicou Cruz.

Durante a coletiva, Rosana Leite de Melo, secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, também afirmou que haverá doses suficientes para a imunização de todos os brasileiros e pediu para que os estados e municípios priorizem a dose de reforço em idosos e grupos prioritários. Sobre a suspensão da vacinação de adolescentes sem comorbidades, a secretária enfatizou que a medida foi adotada por "precaução".

Após participar da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, Bolsonaro chegou ao Brasil nesta manhã e está despachando do Palácio da Alvorada. Ele e toda a comitiva estão em isolamento após o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, testar positivo para a Covid-19 antes de voltar ao Brasil. Queiroga está em quarentena em um hotel na cidade americana.

Segundo o secretário-executivo, a mudança na normativa sobre a vacinação de adolescentes foi previamente ajustada e comunicada ao presdiente Jair Bolsonaro.

— O ministro sempre conversa com o presidente de todas decisões e nada é feito à revelia do ministro, do preisdnete. Tudo é sempre conversado. Então, sim, o presidente tem conehcimento do que está sendo apresentado aqui hoje — disse Cruz.

A mudança de orientação do Ministério da Saúde ocorreu na última quinta-feira quando o presidente Bolsonaro tomou conhecimento da morte de uma jovem de 16 anos sete dias depois de receber o imunizante contra a Covid-19 em São Bernardo do Campo (SP). O governo de São Paulo, no dia seguinte, concluiu a que a vacina da Pfizer não é a causa provável da morte de uma adolescente de 16 anos, e sim uma doença autoimune denominada Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PPT).

A decisão de só imunizar adolescentes com comobordidades não passou pelas equipes de especialistas do Programa Nacional de Imunização e da Câmara Técnica, como revelou a colunista do GLOBO Malu Gaspar.

A recomendação contra a vacinação dos adolescentes ainda foi reforçada pelo próprio ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que chegou a dizer que as mães não deveriam levar "suas crianças" para vacinar "sem autorização da Anvisa". A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no entanto, manteve a orientação para imunizar jovens de 12 a 17 anos com a Pfizer.

A decisão do Ministério da Saúde foi criticada pelos estados e a maioria seguiu vacinando adolescentes.

Nesta terça-feira, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que estados, municípios e o Distrito Federal têm competência para decidir sobre a vacinação contra a covid-19 de adolescentes maiores de 12 anos. No despacho, o ministro classifiucou a medida como sem "amparo em evidências acadêmicas".

Para Lewandowski, a vacinação de adolescentes é essencial para a retomada segura das aulas presenciais em todo o país, especialmente em escolas públicas situadas nos rincões mais remotos do Brasil, onde não há a possibilidade de realização de aulas online.

Fonte: O Globo


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