INFLAÇÃO: Alta no combustível leva motoristas de apps a prejuízos e desistência


Lucro com corridas compensa pouco, na opinião de condutores de SP ouvidos pelo R7, mesmo após empresas anunciarem reajustes


Pouco depois de outro aumento no preço da gasolina anunciado pela Petrobras e sete semanas consecutivas de alta nos postos do país, motoristas de aplicativo reclamam que nem mesmo os reajustes nos preços do transporte de aplicativo anunciados pelas principais empresas do setor (Uber e a 99) têm sido suficientes para garantir o custo-benefício de levar clientes em troca de uma renda extra.

A gasolina no Brasil vem registrando valor médio superior a R$6 o litro, o preço mais caro da história. Outros combustíveis utilizados pelos motoristas, como etanol, diesel, GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e GNV (Gás Natural Veicular) também sofrem com as altas.

Para controlar a evasão de motoristas e reclamações de clientes, as plataformas anunciaram reajustes no valor das corridas.

A Uber, por exemplo, deu aumento direto no preço, que chega a até 35% de reajuste na Grande São Paulo. Já a 99 anunciou que a taxa subirá 25% em alguns municípios, mas que o aumento será totalmente subsidiado pela empresa.

Os motoristas explicam que a baixa lucratividade é responsável direta pela quantidade de corridas recusadas e canceladas, o que vem sendo alvo de reclamação de consumidores. Com combustíveis caros e as taxas cobradas pelos aplicativos, os trajetos de distâncias mais curtas não compensam na maioria dos casos, relatam.

GNV
A fuga de motoristas de apps se repete em todo país. O motorista Carlos Araujo, de Recife, diz que o trabalho e o risco de transportar passageiros pelos aplicativos vale a pena para dois tipos de motoristas: aqueles que têm carro próprio e também os que possuem condições de investir no combustível GNV, mais barato. "Para os outros a situação complica", afirma.

"Com a gasolina está meio a meio: se você ganha R$ 100, você gasta R$ 50 de combustível, que não é o suficiente. Tem o desgaste do carro a depreciação do veículo ao longo do tempo. O lucro pouco compensa. Infelizmente, o desemprego e a falta de opção obrigam a isso", diz.

Motoristas que conseguem trabalhar com GNV, no entanto, afirmam que também têm prejuízos. "O valor do GNV era R$ 2,79/m³, hoje está em R$ 4,19/m³. Tem lugar em que está R$ 4,30/m³", conta Rodrigo de Leyoón Herneck, que, mesmo desempregado e sem outra fonte de renda, desistiu de trabalhar com o carro alugado na cidade de Rio de Janeiro.

Para a professora de economia do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) Juliana Inhasz, o caminho para o preço dos combustíveis cair passa pelo controle das turbulências políticas, o que poderia gerar mais confiança em investidores internacionais e a volta do crescimento econômico do país. "Uma parte significante deste aumento de preço vem da taxa de câmbio", afirma.

"Nos últimos tempos a gente já tem feito essas políticas de aumentar juros de uma forma razoavelmente agressiva, e a gente não está conseguindo ver a taxa de câmbio cair, porque aí entra o segundo fator: o político. O Brasil é um país considerado muito vulnerável", comenta.

Empresas
Em resposta, a 99 afirmou que seu reajuste busca "manutenção do equilíbrio da plataforma junto ao objetivo de continuar oferecendo uma fonte de ganho aos motoristas parceiros em um meio de transporte financeiramente viável, seguro e eficiente para a população", explicou a empresa.

A Uber disse que sempre busca considerar as necessidades dos motoristas parceiros e que tem feito uma revisão e reajustado os ganhos dos motoristas parceiros em diversas cidades.

Fonte: R7



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