Militares dão golpe de Estado no Sudão e prendem premiê interino do país; manifestantes protestam

Primeiro-ministro Abdallah Hamdok e outras autoridades foram detidas. General que comandava conselho de transição decretou estado de emergência no país e dissolveu o conselho e o governo. 


Militares prenderam o primeiro-ministro interino do Sudão, Abdallah Hamdok, e outras autoridades, cortaram o acesso à internet e bloquearam pontes na capital Cartum, anunciou o Ministério da Informação do país nesta segunda-feira (25), descrevendo as ações como um golpe de Estado. 


Abdel Fattah al-Burhan, general que chefiava o Conselho Soberano, anunciou estado de emergência em todo o país e dissolveu o próprio conselho e o governo de transição (comandado por Hamdok). 


O conselho foi criado após a saída do ditador Omar al-Bashir, que governou por três décadas e foi derrubado por protestos há dois anos, e era formado por civis e militares que frequentemente discordavam sobre o futuro do país e o ritmo da transição para a democracia. 


As prisões, o estado de emergência e a dissolução do conselho ocorrem perto da data em que o general Abdel-Fattah Burhan teria de entregar a liderança do Conselho Soberano a um civil.

 

Em resposta, milhares de pessoas saíram às ruas de Cartum e Omdurman para protestar contra o golpe militar. Manifestantes bloquearam vias e incendiaram pneus enquanto forças de segurança usam gás lacrimogêneo para dispersá-los. 


A TV Al-Arabiya diz que várias pessoas ficaram feridas após manifestantes e soldados entrarem em confronto perto de quartéis na capital. Um comitê de médicos local afirma que ao menos 12 pessoas ficaram feridas em confrontos. 

 
O Sudão é o terceiro maior país da África e tem um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo. 

Transição interrompida e reação internacional 


O local para onde Hamdok foi levado não foi informado, e ministros e membros do Conselho Soberano também foram detidos. O governo já havia sofrido por uma tentativa de golpe em 21 de setembro. 


A tomada de poder pelos militares é um grande revés para o Sudão, que passava por uma transição para a democracia desde a saída do ditador Omar al-Bashir, que governou entre 1989 e 2019. 

O presidente da União Africana pediu em um comunicado que os líderes políticos do Sudão sejam soltos. A ONU, os Estados Unidos e a União Europeia expressaram preocupação com os acontecimentos desta segunda. 


Jeffrey Feltman, o enviado especial dos EUA para a região, disse que o governo americano está "profundamente alarmado" com a notícia. Feltman havia se reunido com autoridades sudanesas no fim de semana para tentar resolver a crescente disputa política entre líderes civis e militares. 


O chefe de relações exteriores da União Europeia, Joseph Borrell, afirmou que está acompanhando os eventos no Sudão com "a maior preocupação". Volker Perthes, representante da ONU, afirmou que a entidade está "profundamente preocupada com relatos de um golpe em curso no Sudão".

 

Aeroporto fechado e TV invadida 




O aeroporto de Cartum foi fechado e os voos foram suspensos, segundo a TV Al-Arabiya. A internet na capital do Sudão foi cortada. 


O Ministério da Informação afirmou que militares invadiram a sede de uma televisão na cidade de Omdurman, na região metropolitana de Cartum, e prenderam os funcionários da emissora. 


A Associação de Profissionais do Sudão (SPA), principal grupo dos protestos contra o ditador Omar al-Bashir, convocou greve geral e desobediência civil contra o golpe militar. 


"Convocamos as massas para que saiam às ruas e as ocupem, fechem todas as estradas com barricadas, façam uma greve geral, não cooperem com os golpistas e usem a desobediência civil para enfrentá-los”, disse o grupo em um comunicado.
 


O Sudão 


O Sudão é o terceiro maior país da África, depois da Argélia e da República Democrática do Congo, e tem cerca de 42 milhões de habitantes (uma população similar à da Argentina). Sua capital é Cartum, e a religião predominante é o Islã. 


É na capital Cartum que os rios Nilo Branco e Nilo Azul se encontram e formam o rio Nilo, que continua seu curso pelo Egito até desaguar no Mar Mediterrâneo. 


O país fica entre a África Subsaariana e o Oriente Médio, faz fronteira com sete países (Egito, Líbia, Chade, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Etiópia e Eritreia) e tem saída para o Mar Vermelho. 


O seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,414, um dos mais baixos do mundo, e seu PIB (Produto Interno Bruto) é de US$ 32 bilhões. A expectativa de vida dos sudaneses é de 65 anos, e quase um quinto da população vive abaixo da linha da pobreza. 


Até 2011, o Sudão era o maior país da África e do mundo árabe, mas o Sudão do Sul se separou e se tornou independente após um referendo. 

 




Com Informações G1 





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