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Camada muscular recém-descoberta começa na parte de trás da maçã do rosto e vai até o processo coronoide anterior da mandíbula inferior (Foto: Jens. C. Türp, University of Basel / UZB) |
O masseter, músculo que nos permite mastigar alimentos sólidos e está localizado entre a mandíbula e as maçãs do rosto, foi objeto de uma grande descoberta neste mês. Cientistas suíços encontraram uma nova parte interna desse músculo e a batizaram de seção coroide (Musculus masseter pars coronidea).
Publicada em 2 de dezembro no periodico Annals of Anatomy - Anatomischer Anzeiger, a descoberta mostra que a anatomia humana ainda pode nos surpreender.
Geralmente, os livros de anatomia dizem que o masseter é composto de uma parte superficial e outra profunda. Mas os cientistas da Universidade de Basileia, na Suíça, resolveram investigar melhor a questão. Para isso, eles estudaram uma mandíbula fixada com formalina, um composto químico em forma aquosa.
Os estudiosos também utilizaram tomografia computadorizada e analisaram seções de tecido de pessoas mortas que doaram seus corpos para fins científicos. Para comparação, foram usados ainda dados de ressonância magnética de uma pessoa viva.
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Pesquisadores descobriram uma camada mais funda do músculo masseter (Foto: Szilvia E.Mezey et.al ) |
De acordo com a pesquisadora Szilvia Mezey, líder do estudo, o arranjo das fibras musculares estudadas indicou que a seção coroide ajuda na estabilização da mandíbula. E ainda parece ser a única parte que pode puxar a mandíbula para trás, em direção à orelha.
“Esta seção profunda do músculo masseter é claramente distinguível das duas outras camadas em termos de seu curso e função”, ela acrescenta, em comunicado.
Estudos de anatomia e livros didáticos anteriores já discutiam a existência de uma terceira parte que constituísse o masseter. A edição de 1995 do atlas anatômico Gray's Anatomy, por exemplo, descrevia que o músculo tinha três camadas.
Contudo, até agora, havia muita contradição sobre o assunto. Pesquisas do início dos anos 2000 também citavam as três camadas, mas, na prática, ainda dividia-se o músculo em somente duas, concordando com outras descobertas-padrão da época.
O novo estudo, por outro lado, pode mudar o que a pesquisa anatômica dos últimos 100 anos ainda havia deixado em aberto. “Nossa descoberta é um pouco como zoólogos descobrindo uma nova espécie de vertebrado”, compara Jens Christoph Türp, professor que também lidera o estudo.
Fonte: Galileu