A poucos dias de completar 3 anos da tragédia da Vale, moradores de Brumadinho sofrem com a chuva

Segundo a Prefeitura de Brumadinho, 1.182 pessoas são assistidas pelo município — Foto: Gabriele Lanza / TV Globo

"Na madrugada sem luz, com chuva, nós saímos de casa carregando cama e colchão para tentar salvar alguma coisa", disse José Maria da Silva.

Morador do bairro Cohab, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o aposentado, de 63 anos, viu a casa ser invadida pela água devido à chuva dos últimos dias. Em 2019, o idoso ficou sem trabalhar por dois meses após o rompimento da barragem Córrego do Feijão, da Vale.

A tragédia matou 270 pessoas. Os corpos de seis delas ainda não foram encontrados. As buscas estão suspensas desde esta terça-feira (11) por causa da chuva.

De acordo com dados da Prefeitura de Brumadinho, divulgados nesta quarta-feira (12), 1.638 famílias foram afetadas pelas chuvas do início do ano. Já são 887 pessoas desalojadas e 305 desabrigadas.

"Moro aqui desde 1985, e a água já entrou na minha casa outras vezes. Na segunda-feira (10), estava com a minha mulher e meus filhos quando a água subiu 45 centímetros. Voltamos hoje para limpar e, enquanto isso, estamos em uma creche da cidade. Quando teve o rompimento da barragem, não conseguia chegar até o bairro em que tinha minha oficina. Passei dois meses sem ir lá", contou Silva.

Segundo a prefeitura, além do Cohab, o centro da cidade e os bairros Progresso, São José do Paraopeba, Massangano e Casinhas foram afetados pelas chuvas. Vários pontos da estrada que dá acesso ao bairro Alberto Flores também registraram problemas.

Desde o fim de semana, a chuva é constante na cidade — Foto: Gabriele Lanza / TV Globo

Nos últimos dias, o nível do Rio Paraopeba, contaminado pela lama da barragem da Vale há três anos, subiu, o que fez com que a água invadisse várias casas e estabelecimentos comerciais. Um dos comerciantes da cidade, dono de um supermercado, teve um prejuízo de cerca de R$ 500 mil.

Ônibus cobertos pela água

O Globocop mostrou, nesta quarta, que ao menos seis ônibus foram cobertos pela água. Segundo a prefeitura, os veículos estavam em um imóvel no bairro Canto do Rio. Um deles foi derrubado pela força da água.

Ônibus ficaram cobertos pela água em Brumadinho — Foto: TV Globo /Reprodução

Os ônibus que estavam em circulação foram colocados em um outro estacionamento e não sofreram nenhum tipo de dano.

Com a força da água, veículo virou — Foto: TV Globo / Reprodução

Grupo de voluntários

Um grupo com cerca de 20 pessoas se reuniu para ajudar moradores das áreas mais atingidas. Thauam Teófilo e o irmão usam um barco para resgatar moradores do bairro Cohab e levar água potável.

"É um barco de pesca da família, muita gente está ajudando. Agora estamos auxiliando na limpeza. Essa chuva foi uma das mais bravas. Mais um transtorno e estou aqui para ajudar", contou Thauam.

Voluntários levam água em bairros mais afetados pela chuva — Foto: Thauam Teófilo / Divulgação

Inhotim fechado

Devido à chuva, o Inhotim foi fechado na última segunda-feira (10). Quem adquiriu ingresso, por meio da plataforma Sympla, na internet, receberão o reembolso integral do valor pago. Segundo o museu, será feito contato por e-mail.

A suspensão da visitação vai, a princípio, até o dia 16 de janeiro.

Visitantes que adquiriram ingressos para os dias 8 a 16 de janeiro, por meio da plataforma Sympla, na internet, receberão o reembolso integral do valor pago. Segundo o museu, será feito contato por e-mail.

Ações da prefeitura

Por meio de nota, a Prefeitura de Brumadinho informou que trabalha com foco nos desabrigados, desalojados. Veja a nota:

"A Prefeitura vem trabalhando arduamente desde o sábado (08), com foco no resgate e cuidado aos desabrigados, que estão alojados em diversos pontos do Município. O CRASEC-Saúde (Centro de Referência de Assistência Social Especializado em Calamidades), uma parceria das secretarias de Desenvolvimento Social e de Saúde, está à frente das ações junto à Defesa Civil. A Prefeitura também vem trabalhando junto às mineradoras, CEMIG e COPASA para que as estradas possam ser liberadas e o fornecimento de água e energia retorne para todo o Município, o que já está acontecendo gradativamente desde a noite de ontem (11)".
Fonte: G1


Postagem Anterior Próxima Postagem