Prefeitura de SP e blocos de carnaval de rua não fecham acordo; organizadores dizem que vão desfilar com ou sem apoio


Gestão municipal alega não ter tempo hábil para organizar a festa e que que organizadores assumam a responsabilidade. Entidades que representam os blocos dizem que "não podem substituir Poder Público", principalmente na questão da segurança dos desfiles.


A reunião entre a Prefeitura de São Paulo e os organizadores de blocos de rua da cidade terminou sem acordo na noite de sexta-feira (8), e com protestos contra a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Os organizadores sustentam que vão desfilar com o sem apoio.

A gestão municipal manteve o argumento de que não tem tempo hábil para organizar a festa e estabeleceu uma série de exigências de segurança para que os desfiles de rua sejam autorizados durante o feriado de Tiradentes, entre 21 e 24 de abril, na capital paulista.

Os organizadores levaram cartazes cobrando o direito à festa e pedindo garantias de que a polícia não será acionada. "Sem violência", pediam.

Participaram da reunião pelo menos quatro secretários municipais: Aline Torres (Cultura), Elza Paulino de Souza (Segurança Urbana), Alexandre Modonezi (Subprefeituras) e Marcos Duque Gadelho (Urbanismo e Licenciamento).

No encontro, os secretários ouviram a reivindicação das seis entidades que assinaram na segunda (4) uma carta pública demonstrando o interesse de realizar desfiles do carnaval de rua durante o feriado prolongado de Tiradentes, em 21 de abril, a exemplo das escolas de samba.

Porém, os secretários apresentaram as razões da Prefeitura de não poder organizar o carnaval dos blocos, dizendo que não há tempo hábil para realizar as devidas licitações para o evento, além da falta de um plano de segurança em relação aos foliões que participarão da festa.

"Agora, em 10 dias pra vários blocos saírem ao mesmo tempo, é uma operação que a gente não consegue organizar. E a ideia aqui é pensar como a gente faz isso ainda esse ano mas mais pra frente, com mais planejamento, mas construindo [uma data] com os blocos. Além disso, além de saírem soltos, como não temos patrocínio, a gente quer fazer esse fomento para que os blocos consigam sair", disse na reunião a secretária Aline Torres.

As secretárias municipais de Cultura, Aline Torres, e Segurança, Elza Paulino, durante protesto de organizadores de bloco de rua nesta sexta (8). — Foto: Acervo pessoal

A falta de segurança para os foliões era uma preocupação que o próprio prefeito já havia demonstrado durante a semana, antes da realização da reunião no Centro Cultural São Paulo.

“Nós iremos apresentar a eles todos os planos que existem de segurança e se eles tiverem condições de seguirem, porque a Prefeitura não tem mais tempo de fazer. Lembrando que a questão pública eu preciso publicar edital, tem prazo pra concorrência, existe toda uma estruturação”, disse Nunes na quarta (6).

Falta de diálogo

Os organizadores de bloco reclamaram da falta de diálogo da Secretaria de Cultura e da gestão Ricardo Nunes com os blocos após o cancelamento do carnaval de rua de 2022, anunciado em janeiro pela prefeitura.

Para os organizadores, a secretaria de Cultura deveria ter procurado os blocos antes da decisão para realizar um adiamento, não um cancelamento definitivo da festa, a exemplo do que aconteceu com a Liga das Escolas de Samba de São Paulo.

“A Prefeitura disse o tempo todo durante a reunião que queria dialogar, mas a postura foi sempre de intransigência, sem dar direito à réplica das entidades de blocos de rua que estavam na reunião. Eles simplesmente disseram que não há tempo hábil para organizar o carnaval e querem que a gente assuma toda a responsabilidade pela segurança dos foliões, sem nem mesmo apresentar uma proposta alternativa”, declarou Thaís Haliski, coordenadora da Comissão Feminina do Carnaval de Rua de São Paulo, que participou da reunião.

“Os blocos de rua nunca foram consultados sobre o cancelamento total do carnaval. A secretária de Cultura nunca nos recebeu para tratar de um eventual adiamento dos desfiles de rua, como aconteceu com as escolas de samba. Eles simplesmente cancelaram o evento e acabou. O diálogo da gestão Nunes simplesmente não existe com os blocos”, completou Haliski.

O g1 procurou a gestão municipal e não recebeu retorno até a última atualização dessa reportagem.

Os coordenadores dos blocos dizem que os desfiles estão mantidos, mas a prefeitura ainda não se manifestou oficialmente.
Fonte: G1 SP



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