Condenado a morte nos EUA espera que música o salve da execução


Keith LaMar está preso há quase 30 anos pelo assassinato de cinco companheiros de cela e um guarda durante um motim em 1993

Keith LaMar, condenado à morteAFP/ AMY GORDIEJEW

Acusado de assassinar cinco dos nove companheiros de cela e um guarda durante um motim em abril de 1993, Keith LaMar está há quase 30 anos no corredor da morte em uma prisão de segurança máxima em Ohio, nos Estados Unidos. O homem foi sentenciado à pena de morte, marcada para o dia 16 de novembro de 2023.

Em entrevista realizada por telefone, o prisioneiro alega não ter cometido nenhum crime. Ainda de acordo com o acusado, a música tem o ajudado psicologicamente, moralmente e legalmente há três décadas para que esse momento da execução não aconteça.

Preso desde os 19 anos de idade pelo assassinato do amigo, o acusado cursou o ensino médio nos primeiros quatro anos de condenação e posteriormente ingressou em um programa universitário. 

Autor do livro Condenados, no qual explica a sua versão sobre o motim ocorrido em 1993 — "Tentando, com todas as minhas forças, me redimir", diz na obra —, LaMar agora quer que o caso seja reaberto, porque, segundo ele, o processo foi marcado por irregularidades como a destruição de provas e a retenção de informações que teriam atestado a sua inocência.

"Quando você é pobre e negro em um país racista é condenado", afirma.

Keith LaMar não está sozinho. Além de uma equipe de advogados tentando reabrir o caso, o músico de jazz espanhol Albert Marques está fazendo uma campanha com outros músicos para exigir "justiça para Keith LaMar" e aumentar a conscientização pública sobre essa história.

No último fim de semana, Marques deu um show na Jazz Gallery em Nova York para comemorar o lançamento do CD Freedom First, que LaMar e o catalão compuseram juntos.

LaMar é autor de várias letras das canções em que narra a sua vida e reflete sobre o seu destino. Mas como participar de um show a centenas de quilômetros de distância quando se está no corredor da morte? Segundo Marques, ele pode fazer ligações da cadeia, pelas quais paga.

"Não estamos fazendo nada de ilegal, eles podem mudar as regras. Se quiserem, poderão proibir", diz, antes de afirmar que a única coisa que estão fazendo é "conscientizar" sobre o caso de um "de seus melhores amigos", que ele visita periodicamente na prisão de segurança máxima de Ohio.

Para LaMar, o músico tem sido uma das "bênçãos de sua vida" e sua "última esperança" de que seu caso ultrapasse os obstáculos. Mas acima de tudo, ganhou um amigo. "A música é uma grande parte da minha vida", ele responde depois de reconhecer que a primeira coisa que faz quando acorda "antes de pôr os pés no chão" é colocar um CD para ouvir.

"Procuro fazer coisas úteis porque é a única maneira de dar sentido à minha própria vida", diz, para que as pessoas que "importam" para ele não apenas acreditem em sua "inocência", mas "acreditem nele como ser humano", conclui.

Fonte: R7 Notícias


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