IBGE | Além da importância econômica, agricultura familiar é parte da construção cultural do Brasil



Especialista em sustentabilidade ambiental nos territórios rurais e urbanos, o professor Luís Fernando Soares Zuin destaca o papel do agricultor familiar na formação cultural do País

O modo de vida das famílias que vivem da agricultura é de extrema riqueza para a sociedade – Foto: Flickr

A agricultura familiar representa um dos maiores setores da economia no País. De acordo com o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017, ela é responsável por 70% de todos os alimentos consumidos e produzidos no Brasil. 

Mas, para o professor Luís Fernando Soares Zuin, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP em Pirassununga, a agricultura familiar também traz enorme importância na construção cultural do Brasil.

Para o professor, o modo de vida das famílias que vivem da agricultura é de extrema riqueza para a sociedade. “Essa construção cultural se dá no modo de viver, de se relacionar com o mundo e expressar seus sonhos, necessidades e expectativas da vida, nos seus mais variados momentos do dia, aliado à diversidade de territórios rurais existentes no Brasil, cada um com as suas tradições, com as suas culturas, que são passadas de geração em geração”, afirma.

Ainda de acordo com o professor, o dia a dia dos agricultores familiares é uma forma de lutar pelo reconhecimento e lembra a relevância que tiveram durante a pandemia, garantindo a segurança alimentar e nutricional da população.

A agricultura familiar ainda é um importante fator para a garantia da segurança alimentar e da oferta de trabalho e renda no campo – Foto: Agência Brasília/Flickr

Faltam políticas públicas para o setor

Segundo especialistas do setor, a agricultura familiar ficou às margens das políticas públicas do País, voltadas ao agronegócio, até os anos 90, quando foi criado o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, que gera renda e melhora o uso da mão de obra familiar. 

O programa é o precursor de propostas voltadas para o setor; entretanto, para a professora do Departamento de Administração da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, Cláudia Souza Passador, o País passa por um retrocesso no ramo das políticas públicas. “Houve uma redução na oferta de políticas em termos de incentivos, de manutenção, de compra de equipamentos, de uma série de políticas que haviam sido estruturadas nas últimas décadas.”

Mesmo com a desvalorização, a agricultura familiar ainda é um importante fator para a garantia da segurança alimentar e da oferta de trabalho e renda no campo. Cláudia afirma que esse modo de trabalho gera desenvolvimento em áreas que não interessam muito ao agronegócio de larga escala ou à industrialização. “Pensar agricultura familiar é pensar emprego e renda, é pensar a diminuição da pobreza e da desigualdade no Brasil”, diz a professora.

Fonte: Jornal da USP


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