Garoto de 14 anos é operado após ter nariz quebrado por segurança de shopping; veja fotos


'Ele acertou na minha cara, e eu apaguei', fala adolescente em áudio. Família diz que nariz dele foi quebrado. Garoto aparece em vídeo após ter sido agredido por chefe de segurança do Santana Parque Shopping, na Zona Norte. Funcionário alega que revidou. Direção afastou empregado.

Adolescente de 14 anos teve nariz quebrado por chefe da segurança do Santana Parque Shopping após amigos desligarem escadas rolantes. Estabelecimento desligou funcionário. Ao meio imagem da ressonância magnética que detectou a fratura. Garoto passou por cirurgia que foi paga pela shopping, segundo a família. — Foto: Reprodução / Arquivo pessoal

O garoto de 14 anos que teve o nariz quebrado nesta semana pelo chefe da segurança do Santana Parque Shopping, na Zona Norte de São Paulo, foi operado neste sábado (2) num hospital da capital paulista. Segundo a família da vítima, o estabelecimento comercial pagou a cirurgia para recolocar no lugar o osso que foi fraturado. O adolescente deve ter alta ainda nesta tarde (veja fotos acima).

Na última terça-feira (28), o segurança Felipe Januário de Moura Coelho, de 26 anos, deu um soco no rosto do estudante. O garoto ainda acusou o funcionário de dar chutes nele até desmaiar. Apesar de o empregado ter alegado que bateu no adolescente para se defender dele, o estabelecimento comercial informou, por meio de nota, que afastou o segurança e pediu desculpas ao cliente (leia abaixo).

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram a vítima com o rosto inchando e sangue no nariz e alguns seguranças ao fundo. Num áudio, o adolescente conta que foi espancado. As imagens não gravaram o momento das agressões. (veja e ouça abaixo).


Segundo o próprio estudante, seus amigos tinham atirado um dardo de arma de brinquedo no gerente de uma loja. Depois, desligaram escadas rolantes de dois andares do shopping, quando passaram a ser perseguidos pelos seguranças.

“Aí ele [segurança] veio e perguntou: ‘Quem que desligou a escada rolante?’ Aí eu falei: ‘Não sei quem desligou’. Ele segurou no meu braço, aí começou a me bater”, disse o adolescente. “Me deu um soco, eu devolvi o soco pra tentar me soltar, pra sair correndo. Ele me segurou, derrubou no chão, começou a me encher de bicuda. Ele acertou na minha cara, e eu apaguei.”



Adolescente que aparece sangrando em vídeo acusa segurança do Santana Parque Shopping de agressão — Foto: Reprodução/Redes sociais

De acordo com o estudante, seus amigos contaram que o segurança continuou a agredi-lo, mesmo ele estando desmaiado no chão. “Quando eu acordei, eu estava todo ensanguentado e com muita dor. Eu tô com dor até agora.”

A Polícia Militar (PM) foi chamada por testemunhas e levou o agressor à delegacia. O garoto seguiu para o hospital, onde acabou medicado e liberado. Ninguém foi detido. A Polícia Civil registrou a ocorrência como lesão corporal.


O que dizem família, especialista e ativista

Segundo Graziella Rossi, de 30 anos, que trabalha como gestora de operações em cozinha e é irmã do adolescente, o shopping e o Grupo GPS, empresa terceirizada que presta segurança ao estabelecimento, devem respostas à família.

“Nada que ele tenha feito justifica um ato de crueldade como esse, estou em cacos”, disse Graziella. "Estou aliviada por saber que está tudo bem com ele, mas que a luta não acabou, ainda queremos respostas do shopping e da GPS, que inclusive ainda não deu uma palavra para a família."

O g1 não conseguiu localizar o Grupo GPS para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem. A irmã quer que as empresas criem programas para orientar os seguranças em como agir em abordagens a adolescentes.

Para o advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura nunca Mais, o segurança deveria responder por tortura.

"Esse tipo de caso deve ser tratado como crime de tortura", falou Ariel. "Nesses casos, além da responsabilização criminal do agressor, cabe ação de indenização por danos morais e materiais contra o shopping pelo ato ilícito e abusivo do segurança."

O ativista Darlan Mendes, que é ligado a movimentos de direitos humanos, cobrou punição ao segurança. "Não justifica um segurança despreparado espancar um adolescente de 14 anos."

O que diz o segurança


Santana Parque Shopping afastou segurança acusado de agredir adolescente — Foto: Reprodução/Google Maps

O g1 também não conseguiu falar com Felipe para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem.

Em seu depoimento no 72º Distrito Policial (DP), Vila Penteado, onde o caso foi registrado, ele afirmou que “é chefe de segurança do shopping” e que o garoto e pelo menos outros dez adolescentes, amigos dele, estavam em grupo fazendo “algazarras, correndo, falando alto, adentro às lojas, importunando comerciantes”.

Ainda segundo Felipe, não é a primeira vez que o grupo faz confusão no shopping.

Ele contou que desta vez o funcionário de uma loja apertou “o botão de pânico” por causa do grupo de garotos. De acordo com o segurança, quando ele abordou o adolescente, este lhe disse que havia desligado as escadas rolantes.

“O chamando, em seguida, de ‘arrombado’ e ‘bunda mole’”, de acordo com Felipe. E quando o funcionário segurou o braço do garoto, este “lhe desferiu um soco” no rosto, machucando sua boca, “quebrando um pedaço de seu dente”.

Felipe falou que revidou o soco para se defender da agressão.

O que diz o shopping

Garoto de 14 anos contou que segurança do shopping quebrou seu nariz — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal/Redes sociais

Por meio de nota, o Santana Parque Shopping informou que afastou Felipe da sua equipe de segurança.

“O Santana Parque Shopping esclarece que afastou imediatamente o segurança que se excedeu durante atuação com um grupo de adolescentes, na noite da última terça-feira. A administração repudia qualquer ato de violência e admite que nada justifica a agressão sofrida pelo menor envolvido. Em contato com a família do jovem, o shopping se solidarizou e ofereceu a assistência devida. O Santana vem à público reforçar seu pedido de desculpas ao menino e se compromete com a sociedade a concentrar todos os esforços para que atitudes como essa não voltem a acontecer. Esta abordagem não condiz de nenhuma forma com as orientações e boas práticas adotadas pelo shopping e será intensificada em todos os treinamentos de rotina para as equipes de segurança."

Fonte: G1 SP


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