Preso morre após suposta picada de escorpião

Pedro Henrique, de 20 anos, estava em presídio da zona leste de SP. Defensoria aponta que local tem condições precárias

Foto: Reprodução/ REDES SOCIAIS 26/07/2022- No laudo médico consta que Pedro morreu por lúpus eritematoso

Pedro Henrique de Freitas Valle Nascimento, de 20 anos, que estava preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) da Vila Independência, na zona leste de São Paulo, morreu no último sábado (23), após ter sido picado por um bicho que, supostamente, seria um escorpião, conforme acusa a família. As informações foram confirmadas pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo e pela Amparar (Associação de Amigos/as e Familiares de Presos/as).

O homem estava internado desde o dia 13 após passar mal na unidade prisional. Nas redes sociais, amigos e familiares deles fizeram posts pedindo doação de sangue para que ajudasse no tratamento.
Foto: REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS - 26.07.2022- Em publicação, familiares e amigos pediam doação de sangue para Pedro

O homem estava internado desde o dia 13 após passar mal na unidade prisional. Nas redes sociais, amigos e familiares deles fizeram posts pedindo doação de sangue para que ajudasse no tratamento.

No último relatório de inspeção realizado pela Defensoria Pública no CDP da Vila Independência, foi constatado que a unidade apresentava "péssimas condições de instalação com diversos vazamentos de água em paredes e tetos, fiações expostas, falta de ventilação, iluminação e infestação de insetos e ratos nas celas".

Em nota enviada ao R7, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) informou que o último serviço de desinsetização na CDP foi realizado no dia 1° de abril deste ano, com validade de 180 dias. Além disso, afirmam que durante a vistoria de um juiz no local, "não foi relatado, por parte dos presos, a presença de escorpiões".

A administração informou, ainda, que a causa da morte de Pedro foi por lúpus eritematoso, coagulação intravascular sisseminada, síndrome respiratória aguda grave e insuficiência renal aguda. Os familiares do detento acusam que não foi fornecido o atendimento médico necessário e nem com a rapidez que precisava, devido a gravidade dos fatos.

Entretanto, segundo a SAP, ele vinha recebendo atendimento desde maio no ambulatório da CDP, com queixas de falta de apetite, diarréia, hipertensão e hipoglicemia.

Segundo a defensora pública Mariana Borgherese, é comum, durante as inspeções, condições precárias de convivência em diversas unidades prisionais. "Na esmagadora maioria das unidades, são muito comuns os casos de infestações de percevejos, baratas, ratos e outras pragas, que são causa de muitas doenças e mortes de pessoas que estão sob a tutela do estado. Soma-se a isso a falta de atendimento de saúde suficiente e adequado também na maioria das unidades", relatou.

No Centro de Detenção Provisória II da Chácara Belém, por exemplo, o NESC registrou durante a inspeção que havia uma aranha possivelmente venenosa no interior da unidade (conforme registro fotográfico à fl. 13 do relatório), bem como pessoas presas com picadas de insetos; foram constatadas também em todos os setores da unidade infestações de baratas, piolhos, muquiranas e percevejos.

Pedro foi condenado em março deste ano e estava em regime semi-aberto. Ele ainda estava na unidade prisional provisória porque aguardava vaga na cadeia.


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