Um mês após comover o país ao buscar comida para os netos, Dona Janete celebra volta aos estudos


Em vídeo postado no Instagram, ela disse que voltará à sala de aula e faz agradecimento. Dona Janete viralizou ao se emocionar ao vivo no RJ1 falando sobre dificuldade de alimentar a família.

Dona Janete emocionou o país ao aparecer no RJ1, em 21 de junho, dizendo que não tinha o que comer nem como alimentar a família. A repercussão levou a uma rede de solidariedade e, com a ajuda, ela disse que sonhava, entre outras coisas, em voltar a estudar. Nesta sexta-feira (15), Dona Janete postou um vídeo celebrando o sonho concretizado.

“Dia 26 agora eu volto para a escola. Muito obrigada”, disse Janete

Segundo parentes, Dona Janete vai estudar à noite, na Escola Professor Lourenço Filho, no Grajaú, perto de onde vive, no Morro dos Macacos. Aos 57 anos, vai cursar a 4ª série.

Relembre o caso aqui no vídeo

Quem é Dona Janete

Janete Evaristo é nascida e criada no Morro dos Macacos, em Vila Isabel.

A dona de casa vive em uma casa na localidade conhecida como Carandiru, pela semelhança com o presídio desativado em São Paulo, em 2002. Ela mora no local com cinco netos, todos menores de idade.

Após onda de solidariedade, Dona Janete recebe doações — Foto: Reprodução/TV Globo

Antes da pandemia, Dona Janete conseguia renda como cuidadora de crianças, mas há dois anos perdeu o emprego e passou a viver em situação de extrema pobreza.

Em 21 de junho, ela foi buscar comida numa cozinha inaugurada no Andaraí, e se emocionou e emocionou a repórter ao dar entrevista para o RJ1.

Janete Evaristo se emociona ao relatar não ter o que comer — Foto: Reprodução/TV Globo

“Era seis com a minha filha que faleceu, né? Fez dois anos agora, vai fazer. Dois anos e meu marido também faleceu tem 6 meses”, chorou ao relembrar.

“Domingo a gente não tinha nada para comer. Eu estou desempregada, está muito difícil. Eu estou catando latinha, mas não dá. Eu não tenho ajuda de muita gente, então domingo a gente não tinha mesmo nada. Está muito difícil”, disse, voltando a chorar e enxugando o rosto.

Ela teve quatro filhos. Uma delas morreu há dois anos de lúpus e é mãe das quatro crianças que hoje são criadas pela avó.

"A minha filha era muito doente, porque durante o dia tava no mercadinho conversando e rindo pra todo mundo, ia pra faculdade rindo, mas chegava em casa e botava três travesseiros no chão. Ajoelhava e gritava de dor".

A filha da Dona Janete frequentava uma ONG e fazia vários cursos de especialização. Depois que ela morreu, a Dona Janete começou também a frequentar esse espaço. Hoje ela também faz alguns cursos, entre eles de pintura de panos de prato, para tentar se recolocar no mercado de trabalho.

A ONG “Anjos da Tia Stelinha” funciona desde 2012 e atende mais de mil mulheres que vivem no Morro dos Macacos.

Dona Janete divide o pouco que tem

Mesmo com tão pouco, Dona Janete ainda conseguia ajudar quem passava pela mesma dificuldade.

“Onde eu moro tem uma senhora, que na sexta-feira eu ganhei 2 quilos de fubá e um macarrão. Ela foi lá bater na porta e perguntou ‘você tem alguma coisa?’ Eu falei ‘só tenho isso’. Ela tava com R$ 2 pra comprar, pra fazer salsinha. Eu tava com R$ 6, dei 3 pra ela e fiquei com 3", disse Dona Janete.

"O pouquinho que eu tiver e poder ajudar os outros, é muito bom. Sinto uma paz. Então queria pedir obrigada e se pudesse ajudar a ONG pra ajudar as outras meninas também”.

A rede de solidariedade depois da entrevista no RJ1 foi enorme e Dona Janete ganhou várias doações. Com o dinheiro, começou a sonhar:

“Reformar a minha casa, pagar a faculdade da minha neta, pagar a formatura dela. Meu neto queria jogar futebol. E voltar a estudar, que seria meu sonho, pra mim ter um trabalho digno e mostrar meus netos que eu posso”.

Fonte: G1 RJ


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