Frades do Convento da Penha pedem que fiéis rezem por chuva no ES

Vegetação do entorno do Convento da Penha sente os efeitos da estiagem

A estiagem no Espírito Santo chamou a atenção até dos frades franciscanos do Convento da Penha, em Vila Velha. Em um comunicado em suas redes sociais, os religiosos recomendaram que os fiéis capixabas rezem pela chegada da chuva, "na medida certa", e ainda fizeram diferentes recomendações para quem for visitar o santuário, considerado cartão-postal e principal marco religioso do Estado.

O guardião do Convento da Penha, frei Djalmo Fuck, destacou no comunicado que o visual da mata do morro do Convento mudou com a falta de chuva: a paisagem, geralmente verde, agora deu lugar a um panorama amarronzado e pálido, com árvores com poucas folhas e galhos secos.

Divulgação/Convento da Penha
Divulgação/Convento da Penha

“Estamos precisando dessa água tão necessária para nosso Espírito Santo, para nossas famílias, nossas lavouras, nossas plantações. A gente acompanha a situação do interior, dos agricultores, aqueles também que cuidam do seu gado, trabalham na roça… Como têm sofrido com a falta de chuva! Aqui no Convento quem observa a mata seja pela Terceira Ponte ou pela estrada de acesso ao Campinho, está percebendo que a mata está extremamente seca, por isso a gente pede oração para que veja a chuva na medida certa", destacou o guardião.

Ele também fez um apelo para que frequentadores não acendam velas ou fumem dentro do Convento da Penha, especialmente perto da região de mata, para não haver risco de incêndio.

Os religiosos destacaram que só na Grande Vitória não chove em abundância desde fevereiro. O Espírito Santo decretou estado de atenção pela pouca incidência de chuva em 15 de agosto.

No restante do Estado, os efeitos da estiagem, que começou em abril deste ano, já começam a ser percebidos. Em Linhares, região Norte capixaba, o Rio Doce registrou o menor patamar desde 2016, quando o Espírito Santo passou por uma seca severa.

O volume de água atingiu 55 centímetros nível bem abaixo do ideal que é de 2 metros. Com isso, bancos de areia se formaram. A situação preocupa os moradores da cidade.

Já no Sul, pastos estão completamente secos e muitos animais estão morrendo de fome e sede, com algumas prefeituras decretando situação de emergência como a cidade de Itapemirim.

O frade também fez um apelo para que frequentadores não acendam velas ou fumem dentro do Convento da Penha, especialmente perto da região de mata, para não haver risco de incêndio. O único lugar onde os fiéis podem acender velas é o velário, instalado no Campinho da Penha.

A oração para pedir chuva e publicada nas redes do Convento foi escrita e rezada pelo papa Paulo VI em julho de 1976.

Milagre da Seca: Nossa Senhora da Penha foi lembrada no século XVIII para trazer chuvas

Quadro "O Milagre da Seca", de Benedito Calixto, retrata o episódio de 1769, quando a imagem de Nossa Senhora da Penha foi levada numa procissão marítima até Vitória por causa da seca - Foto: Reprodução

Os frades lembraram que não é a primeira vez que Nossa Senhora da Penha é lembrada para pedir chuvas.

Em 1769, uma procissão marítima levou a imagem da santa até Vitória, para acabar com um enorme período de seca que assolava o local. Os relatos da época contam que logo após a procissão, veio a chuva. Esse episódio é conhecido como o "Milagre da Seca".

De acordo com o livro "História Popular do Convento da Penha", de Guilherme Santos Neves, em 1769, a imagem original só saiu do Convento por um motivo excepcional: a então Capitania do Espírito Santo enfrentava um devastador período de seca.

Por conta disso, foi realizada uma procissão pedindo aos céus para que a chuva viesse. A imagem saiu de Vila Velha e foi levada de barco para a Igreja de São Francisco de Vitória, na Cidade Alta.

A chuva veio e o episódio ficou conhecido como o “Milagre da Chuva”. Nos corredores do Convento da Penha existe um quadro batizado de “O Milagre da Seca”, pintado pelo artista Benedito Calixto, em 1926, onde é retratada a chegada da imagem original da santa em Vitória.

Fonte: Folha Vitória


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