
Com pergunta e emoji, a cantora Pitty deu forma a uma questão compartilhada por um sem-número de brasileiros:
"vc tb tão sofrendo com ansiedade eleitoral? 🥴"
vc tb tão sofrendo com ansiedade eleitoral? 🥴
— ⚡️PITTY⚡️ (@Pitty) October 26, 2022
O eleitor Maxwell Souza, de 32 anos, responderia que sim. Foi ao médico no último fim de semana, após sentir duas fortes crises de ansiedade ao discutir sobre os rumos da política no Brasil. Desde o primeiro turno, está sem apetite, com dores de estômago e medo.
“Esta eleição mexeu comigo. Fico nervoso quando converso com alguém que só tem discursos prontos, baseados em fake news. Tento dialogar com quem pensa diferente de mim, mas vejo que muita gente está cega, defendendo um candidato com base em mentiras ou discursos prontos. Não há um debate saudável”, conta Souza.
A proximidade do segundo turno, marcado para este domingo (30), de fato aumentam os episódios de quadros de saúde mental, explicam especialistas ouvidos pelo g1.
Ansiedade ampliada no período
O psiquiatra Daniel Barros explica que não existe um quadro chamado ansiedade eleitoral, mas que uma crise de ansiedade pode ser motivada pelo período de eleições.
A psicóloga Mariangela Savoya, que integra o Programa Ansiedade do Instituto de Psiquiatria (IPq) da Universidade de São Paulo (USP), concorda e avalia que a expectativa pelo resultado eleitoral pode ativar gatilhos que dão origem a uma crise de ansiedade.
“A ansiedade pode ser causada por muitos fatores, situações e contextos nos quais da pessoa se vê e que parece ameaçador, amedrontador. Se a pessoa se sente amedrontada pelo momento do período eleitoral, então ela estará ansiosa por conta do período eleitoral”, analisa Barros.
O que é a ansiedade e quais os sintomas?
A "ansiedade" é uma reação natural do corpo a situações de estresse. Os especialistas explicam que a ela é um misto de sintomas físicos e psicológicos. Do ponto de vista psicológico, pode deixar a pessoa mais tensa, preocupada e aflita, como se algo estivesse prestes a acontecer.
Já os sintomas físicos mais comuns são: enjoo, falta de ar, perda de apetite, insônia, tontura, sudorese, fadiga, dor de estômago, batimento cardíaco acelerado e incapacidade de encontrar pessoas ou sair de casa.
Outra consequência da ansiedade são os sintomas comportamentais, como a sensações de congelamento, paralisação e até insônia.
Quem mais sofre com o momento?
Para Mariangela, as pessoas que têm ataques de ansiedade são, em geral, aquelas que já sofrem da doença ou que têm maior propensão ao quadro.
"São pessoas que têm maior dificuldade de lidar com situações incontroláveis e não sabem como reagir em uma situação em que não pode fazer nada", diz ela.
Como lidar com a situação?
As dicas para lidar com uma crise são as mesmas usadas para lidar com a ansiedade de forma geral, segundo Barros.
“Já que não é possível tirar o problema da frente, vale tirar um pouco o foco do problema. Então, estratégias de distração, de engajamento em outras atividades, de coisas que cabem no nosso foco, além de exercícios de relaxamento, de meditação. Tudo isso pode ajudar conter a ansiedade”.
Quando buscar ajuda?
Para os profissionais, um momento de ansiedade isolado não necessariamente precisa de tratamento médico, mas caso as crises se tornem recorrentes é importante procurar atendimento.
Em geral, a hora de buscar ajuda é quando se torna difícil lidar e realizar as tarefas do dia a dia, quando se estressa ou se preocupa demais com coisas pequenas ou quando aquele sentimento de ansiedade (como um aperto na barriga) dura dias e dias.
Fonte: G1