Após ataque em Aracruz, atirador guardou armas, almoçou e seguiu para casa de praia

Selena Sagrillo, Maria da Penha Banhos, Cybelle Bezerra e Flavia Amos, vítimas do ataque a escolas em Aracruz — Foto: Reprodução/TV Gazeta


Durante coletiva de imprensa para detalhar o andamento das investigações sobre o ataque as escolas de Aracruz, no Espírito Santo na última sexta-feira (25), a Polícia Civil informou que o assassino de 16 anos guardou as armas, almoçou e seguiu para a casa de praia com os pais depois de invadir as duas escolas.

Ao todo, quatro pessoas morreram e mais de 10 ficaram feridas. O ataque teve início por volta de 9h30 e o adolescente foi apreendido por volta de 14h10.

O superintendente de Polícia Regional Norte, delegado João Francisco Filho, disse que após o crime o adolescente foi até um local ermo, tirou o material que cobria as placas, voltou para a casa, pegou todos os objetos e guardou para que os pais não desconfiassem.

" Ele volta pra casa em coqueiral, pega todos os objetos que usou na ação e guarda para que os pais não desconfiassem que ele tinha usado. Coloca tudo onde estava e fica no interior da casa como se nada tivesse acontecido. Os pais chegam e ele reage naturalmente", contou o delegado.

O delegado João Francisco também disse que quando os policiais chegaram à casa de praia onde o adolescente estava com os pais, ele primeiro negou o crime, mas depois confessou. De volta à casa da família, ele levou os agentes ao local do crime e apontou onde havia deixado as armas e roupas usadas na ação.

Polícia Militar vai abrir processo administrativo contra pai de adolescente

A Polícia Militar informou que um processo administrativo foi instaurado para apurar como o adolescente teve acesso às armas usadas no ataque as escolas.

"Está sendo instaurado hoje um procedimento administrativo para apurar as circunstâncias na qual o autor teve acesso às duas armas dele, uma da corporação e uma de registro pessoal, além das balas.", informou o ️comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus.

O delegado João Francisco Filho disse que a pistola estava no local onde o pai costumava guardar, embaixo de roupas dentro do guarda-roupa. O revólver estava em cima do armário em um local trancado com cadeado e um pano em cima.

Polícia investiga participação de outras pessoas em ataque

Em depoimento à polícia, o atirador disse ter agido sozinho no crime, mas a polícia investiga o envolvimento de outras pessoas. A informação foi dada pelo governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), neste domingo (27).

"Ele disse que agiu sozinho, mas isso não é suficiente para a polícia. A polícia vai de fato fazer toda a investigação técnica", informou Casagrande.

Entre os pontos investigados estão o acesso e habilidade com armas, saber dirigir e ter acesso ao carro. Além do envolvimento com grupos extremistas. No dia do crime, ele usava vestimentas com um símbolo nazista.

"A investigação que vai dizer como ele com 16 anos tinha tanta habilidade com armas e como ele conseguiu carregar e recarregar", disse o governador.

A polícia apura se há envolvimento do pai, policial militar, já que as armas usadas no ataque são dele. "A PM está sim no processo de investigação, mas é a Polícia Civil que vai dizer se de fato teve cumplicidade", disse o governador. Ele não informou se o PM já foi ouvido pela polícia.

Casagrande ainda disse que a polícia apreendeu o telefone e o computador do assassino para apurar se ele tinha relação com grupos extremistas.

"Nós temos acesso ao seu telefone, aos seus computadores, aos interrogatórios, então é um processo de investigação pra ver se ele tinha algum envolvimento com algum grupo de fora neonazista".

De acordo com a Polícia Civil, o assassino que atacou as duas escolas, por ter 16 anos, vai responder por ato infracional análogo a três homicídios e a 10 tentativas de homicídio qualificadas. O número é menor que o de vítimas no ataque porque algumas não foram baleadas, mas se feriram na correria dos alunos em fuga.

Fonte: G1


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