Entenda por que Tite não deixa jogadores da Seleção usarem caneleiras

Tite em treinamento do Corinthians de 2016 — Foto: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians


Daniel Alves com dois carrinhos em Pedro e Raphinha. Neymar na dividida com Alex Telles. Bruno Guimarães com Fabinho. Alex Sandro contra Eder Militão. As divididas mais duras são comuns para quem observa alguns minutos dos treinamentos da Seleção e viraram assunto neste início de preparação para a Copa do Mundo.

O que para muita gente passa despercebido é que o treinador mantém padrão que trouxe de experiência há tempos em clube. O grupo de jogadores treina sem caneleira, uma prática que pode ser estranha para quem vê, mas que já é comum nos treinos de Tite desde 2015.

Jogadores da seleção brasileira treinam sem caneleira — Foto: Lucas Figueiredo / CBF

A ideia surgiu quando o treinador ainda comandava o Corinthians. Para evitar chegadas por cima nas divididas, preocupado com o número de cartões da equipe no início da temporada de 2015, o técnico propôs todos treinarem sem caneleiras.

– O bicho pega no treino (risos). Mas é tudo 100% leal. Desde a época de Corinthians, na Europa treinamos assim também, isso te dá consciência de ser leal, de não dar o bote quando está atrasado, ajuda bastante, por isso treinamos sem caneleira e proteção – relatou o zagueiro Marquinhos.

A atitude de Tite lá em 2015 deu certo: o Corinthians venceu o prêmio de Fair Play, por ser o time com menos cartões no campeonato. E na Seleção, o zagueiro argumenta que embora os que não acompanhem o dia a dia se impressionem com algumas jogadas, a atividade é marcada pela lealdade e intensidade entre os companheiros.

– Nos treinos sempre procuramos fazer o nosso máximo. Todos que chegam aqui querem mostrar trabalho, que estão bem, e a intensidade dos treinos é muito grande. Temos dois times de excelentes jogadores, no top de suas carreiras, isso ajuda na intensidade do treinamento. Claro, sempre devendo as precauções de não chegar atrasado. Mas a lealdade e intensidade não temos que diminuir. O treino prepara para o jogo, e é assim que temos que treinar.

Em 2018, em uma campanha publicitária, Tite revelou que preza pela competição forte contra os adversários, mas sempre com lealdade:

– Vai dividir forte, eu exijo, mas vai ser leal. Por conta de expulsões que tiveram, eu pedi para que todos tirassem as caneleiras. Você tem que ter esse respeito com o adversário, quero ver fazer com o colega. Não sabia o que a decisão ia gerar, mas no dia seguinte vi a lealdade que esse gesto gerou. Compete forte, leal, mas na bola.

Na Copa do Mundo de 2018, a atitude de Tite com a Seleção gerou repercussão na imprensa internacional. O Diário Olé, da Argentina, ressaltou que os jogadores "têm canelas livres".

Diário "Olé" ressalta métodos de Tite no comando da Seleção — Foto: Reprodução/Olé

– Não se trata de ganhar e agradar: o treinador aconselha seus jogadores a treinar sem caneleiras porque é preciso ser agressivo, mas sem dar patadas. E ele gira a faixa de capitão para que "todos sintam a responsabilidade – ressaltou o jornal.

Nos números de Tite pela Seleção, são 120 cartões amarelos em 76 partidas, uma média de 1,5 cartão por partida. No entanto, algo que chama a atenção é o baixo número de cartões vermelhos: foram apenas três nesses seis anos: dois para Gabriel Jesus e uma para Emerson Royal.

Casemiro e Bruno em disputa de bola com as pernas "nuas" — Foto: Lucas Figueiredo / CBF


Fonte: ge


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