Pau-Brasil extraído ilegalmente era usado para fazer violino

Com base em unidades apreendidas anteriormente, a Polícia Federal estima que lucro chegaria a R$ 370 milhões

Foto: Divulgação / Polícia Federal

A madeira de Pau-Brasil, extraída ilegalmente em diversos municípios do Espírito Santo, era usada para a fabricação de peças para violinos. O material era enviado para fora do país. Com base em unidades apreendidas anteriormente, a Polícia Federal estima que lucro chegaria a R$ 370 milhões.

Nesta terça-feira (08), foi deflagrada uma operação policial para reprimir a ação de uma associação criminosa com ramificação internacional que vinha atuando no Espírito Santo, Rio de Janeiro, Bahia e Alagoas.

O grupo era especializado na exploração ilegal de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, em especial, o Pau-Brasil, no interesse da indústria internacional de acessórios de instrumentos musicais de corda, como arcos de violino.

São cumpridos 37 mandados de busca e apreensão expedidos pela Vara Federal Criminal de Linhares. No Espírito Santo foram cumpridos dois em Domingos Martins, um em Santa Teresa, dois em Linhares, seis em João Neiva e 21 em Aracruz. Também estão sendo cumpridos um na cidade de São Gonçalo (RJ), três em Camacan (BA) e dois em Coruripe (AL).

As investigações se iniciaram após ações fiscalizatórias realizadas pelo IBAMA no âmbito da Operação “DÓ RÉ MI” que resultaram em apreensões de mais de 42 mil varetas de Pau-Brasil, além de mais de 150 toretes. No ano passado, quando da deflagração da primeira fase, foram apreendidas outras 32 mil varetas e 85 toretes.

Naquele momento, foram descobertos indícios que apontavam para a existência de uma associação criminosa envolvendo extratores, transportadores, intermediários, atravessadores, arqueiros e empresas de produção e exportação de acessórios de instrumentos musicais de corda.

A atuação criminosa consistia em beneficiar o Pau-Brasil extraído clandestinamente de Unidades de Conservação Federal, especialmente do Parque Nacional do Pau-Brasil, visando a comercialização do produto acabado em formato de arcos de violino/contrabaixo, ou mesmo na forma de varetas (produto não finalizado) para o exterior, sem qualquer controle das autoridades brasileiras, mediante a burla nos canais de fiscalização da Receita e do Ibama.

O arco é o produto final produzido a partir da vareta. No Brasil as varetas são adquiridas por valores que giram entre 20 e 40 reais, ao passo que os arcos podem ser comercializados no exterior por até U$ 2.600 (R$ 14.600).

Tendo como referência somente as 74 mil unidades de varetas/arcos já apreendidas no curso da investigação até a deflagração da primeira fase e considerando um valor final de mercado médio de US$ 1.000 por cada arco de violino comercializado no exterior, estima-se que os valores finais poderiam alcançar cerca de R$ 370 milhões.

Trata-se de uma avaliação módica já que esses instrumentos podem alcançar valores de mercado muito maiores como os verificados em algumas lojas americanas que negociam o arco de violino feito de Pau Brasil por até US$ 2,6 ou seja, mais de R$ 14 mil.
Operação desta terça-feira

Em razão da grande quantidade de mandados a serem cumpridos, além dos Policiais Federais lotados na Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente (DELEMAPH), a operação contou com a participação de outros 50 (cinquenta) policiais do Rio de Janeiro, Bahia e Alagoas, além de 32 (trinta e dois) servidores do IBAMA.

O objetivo das ações desta terça, além do cumprimento das ordens judiciais, é obter novos elementos de prova para desmantelar por completo o grupo criminoso dedicado ao cometimento de crimes contra à flora, contra à administração ambiental e outros crimes ambientais.

Fonte: Folha Vitória

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