Idade, renda e sedentarismo são as causas da obesidade; veja dicas para perder peso


Mais de 20% da população brasileira está obesa. Segundo dados do IBGE, seis em cada 10 brasileiros estão acima do peso

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Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 6 em cada 10 brasileiros estão acima do peso. Além disso, mais de 20% da população brasileira está obesa.

E os principais fatores para essa guerra contra a balança no país são o sedentarismo, a idade e a renda, de acordo com pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas.

De acordo com o estudo, pessoas de menor poder aquisitivo são mais suscetíveis à obesidade por terem uma dieta pobre em nutrientes, porém muito mais calórica no dia a dia.

Além disso, a pesquisa aponta que os efeitos são mais difíceis de serem revertidos quando acontecem logo na infância e que, no geral, mulheres estão mais obesas do que os homens, ainda que eles apresentem maior índice de sobrepeso.

A obesidade nos homens tem maior relação com doenças cardiovasculares, o grande vilão tem nome e todos conhecem: sedentarismo. A falta de exercícios físicos é a maior causa de desenvolvimento de sobrepeso e doenças, aponta a pesquisa.

Uma doença crônica e multifatorial

A verdade é que a obesidade vai muito além de uma dieta pouco balanceada, os motivos para o sobrepeso podem estar tanto no prato, quanto na falta de exercícios e ultimamente, cada vez mais se descobrem fatores mentais que propiciam o surgimento do quadro, como explica a endocrinologista Priscila Pessanha.

"A gente sempre fala que a obesidade é uma doença crônica e multifatorial. Ela tem várias causas e muitas delas estão ligadas a alterações comportamentais de quadros mentais, sabemos que transtornos de ansiedade, de compulsão, são muito ligados à obesidade porque as pessoas compensam essas emoções na alimentação", relatou. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

A médica corrobora a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas e relata que pessoas obesas durante a infância têm 50% de chance de se tornarem adultos obesos.

Segundo ela, a dificuldade para perder peso é diretamente ligada aos hábitos alimentares adquiridos durante a infância.

"Uma pessoa que durante a infância comia errado, não fazia atividade física, teve obesidade, ela geralmente cresce com essa dificuldade de mudança, ela realmente sofre para ter essa mudança. Os hábitos precisam mudar", disse.

Ainda de acordo com a médica, um outro estudo aponta um dado que chama bastante atenção: países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, apresentavam mais pessoas obesas do que com desnutrição, o que está diretamente ligado ao baixo poder aquisitivo da população.

"Acontece que pessoas com menor poder aquisitivo têm uma facilidade maior de ter acesso a alimentos ricos em carboidratos como pão, macarrão, arroz. E esses alimentos têm pouco valor nutricional e muita caloria, promovendo um ganho de peso maior".

"Me exercito e não consigo perder peso". Por que isso acontece?

Como a própria pesquisa apontou, o sedentarismo é uma das principais causas de ganho de peso em excesso, algo que a endocrinologista também concorda, uma vez que sem atividade física, é muito difícil queimar calorias.

"No equilíbrio entre o ganho e o gasto calórico, a única forma de ganhar caloria é comendo. Quando comemos ingerimos calorias. O único jeito de perder é com atividade física regular. Quando ficamos em uma vida sedentária, não tem atividade física, haverá um desequilíbrio. Pois colocamos calorias para dentro e não perdemos".

Mas para muitas pessoas que passam por uma dieta e tentam sair de um estilo de vida sedentário, parece que os quilos insistem em ficar, mesmo com atividade física regular.

Segundo a endocrinologista esta questão pode estar associada, mais uma vez, a um desequilíbrio. Pois sim, o paciente pode se exercitar, mas talvez não de uma forma que compense.

"Este é um questionamento dos pacientes, mas precisamos ir bem a fundo na questão de se exercitar, até pela questão do equilíbrio calórico. Eles se exercitam, mas quantas vezes por semana? Quantas horas? Qual tipo de exercício físico? E quanto de caloria ele está colocando para dentro? Porque às vezes faz uma atividade física e a alimentação continua errada, assim não consegue perder peso", afirmou.

Ainda de acordo com ela, até questões ligadas ao sono podem afetar na perda de peso, uma vez que um sono desregulado e não reparador também é um fator que interfere na queima de calorias.

Questões hormonais

Outra questão que parece deixar pacientes intrigados é o fato de mulheres apresentarem uma taxa maior de obesidade e homens serem os campeões no sobrepeso. A resposta de acordo com a médica, passa pela questão hormonal.

Ela explica que a testosterona é um pouco mais generosa que o estrogênio e progesterona, o que favorece aos homens um ganho de peso um pouco menor Já os hormônios femininos propiciam um quadro de obesidade para as mulheres.

Além disso, ela relata que normalmente homens se exercitam mais do que mulheres, o que favorece uma perda de peso. "Em relação à perda calórica nós vemos os homens mais proativos do que as mulheres, de forma geral. Essa perdão calórica também faz parte da evolução da obesidade em mulheres e sobrepeso nos homens", disse.

E para quem vê na bariátrica a única opção de perda de peso, a endocrinologista afirma que existem outras maneiras, ainda que de forma não tão rápida quanto na cirurgia, mas que também são eficazes e valem a pena.

Segundo ela, a bariátrica chama a atenção das pessoas justamente pela rapidez na perda de peso, mas que se o paciente não fizer sua parte para mudar hábitos, esta perda não será mantida.

"A gente precisa se conscientizar que bariátrica não faz milagre e não é tão fácil assim. Existe sim a possibilidade de a pessoa perder peso sem precisar de bariátrica desde que haja uma mudança de estilo de vida. Com alimentação balanceada, atividade física regular e sono reparador, são estes os pilares".

Segundo a médica em alguns casos há a indicação de uso de medicamentos, mas nestes quadros o paciente deve ser acompanhado de perto pelo médico responsável pelo tratamento.

Uma história de sucesso

Perder peso não é tarefa fácil e quem já precisou sentir na pele esta batalha, conhece bem os esforços para chegar ao sucesso. É o caso de Christiany Campos de Souza, analista de Desenvolvimento Humano e Organizacional de 30 anos.

Ela conta que desde criança enfrenta o sobrepeso, apesar de um estilo de vida bastante ativo na prática de esportes como basquete e musculação, além de medicamentos para a perda de peso. Acontece que ela sofria com o "efeito sanfona", quando uma pessoa perde peso e logo depois, recupera todas as calorias.

Além disso, a analista relata que uma questão preponderante para o ganho de peso da população jovem é a busca por rapidez, praticidade. "É muito mais fácil colocar um chips na merenda do que preparar algo saudável. Atualmente todos trabalham fora, então quanto mais rápido e prático, melhor".  

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

E como explicou Priscila Pessanha, o ganho de peso de Christiany pode estar ligado a questões psicológicas.

"Como eu sempre sofri com o sobrepeso, há aproximadamente dois anos procurei outro profissional para fazer o uso de medicamentos para emagrecer. Enquanto eu tomei o remédio, junto à alimentação regradíssima mais a academia, eu emagreci bem, mas com as pressões do dia a dia, acabei engordando de novo", contou.

Ela relatou que foi neste mesmo período que se interessou pela bariátrica, algo que já era estimulado pela família, mas que ela mesma não dava muita bola. Segundo ela, os estudos sobre a cirurgia começaram após anos de gastos com medicamentos e de estar na academia de domingo a domingo e não ver o resultado esperado.

"Eu sempre tive uma autoestima boa, sempre me amei, mas não estava contente com o que via no espelho. Sabia dentro de mim que aquela não era a Chris que sempre sonhei. Minha família me falava sobre bariátrica e eu achava que dava conta sozinha, mas percebi que não dava. Toda a melhora tinha sempre um prazo", disse.

No dia 5 de abril deste ano, Christiany realizou a bariátrica e pouco mais de um mês já notou uma diferença significativa em todas as esferas da vida.

"Mesmo em pouco tempo vejo os resultados de forma brilhante, leve e tranquila. Junto à bariátrica, tem sido essencial o acompanhamento com o: nutricionista, endócrino e psicólogo, além da atividade na academia".

Ela conta que os ganhos psicológicos também foram enormes após a cirurgia, uma vez que mesmo que inconscientemente suas questões com o sobrepeso lhe traziam prejuízos emocionais.

"É incrível como o meu sobrepeso estava atrapalhando a minha vida no geral. Eu não me sentia merecedora de algo significante simplesmente por não conseguir estar no peso que eu queria estar", relatou.

Christiany relata que hoje pode chegar onde quiser e não hesita em pedir ajuda, pois como ela mesma diz "sozinhos chegamos mais rápido, mas com ajuda chegamos mais longe".

Para quem ainda batalha para perder peso, Christiany deu dicas que a ajudaram bastante durante a caminhada, dentre exercícios e até a própria cirurgia bariátrica.
"Faça atividade física, se não tem tempo, faças pequenas alterações no dia a dia como ir a pé em locais mais próximos, procure profissionais para ajudar. E se a pessoa como eu, sempre lutou contra o sobrepeso, procure outros métodos, como a bariátrica", afirmou.


Fonte: Folha Vitória




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