Crime aconteceu em novembro de 2022 na Serra, Grande Vitória. Vítimas foram mortas com mais de 70 tiros e criança foi encontrada vagando pela rua. Um adolescente, uma mulher e nove homens envolvidos no crime foram identificados.
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Márcio Rony Ventura Ferreira Oliveira, conhecido como "Buiu" de 34 anos e sua esposa, Bruna Mara Silva Oliveira Ventura de 26 anos, foram mortos a tiros na Serra, ES — Foto: Polícia Civil/Divulgação
Onze pessoas, entre elas, um adolescente de 17 anos, uma mulher e nove homens estão envolvidas na execução de um casal com 75 tiros em novembro de 2022, na Serra, Grande Vitória. A filha do casal, uma menina de 6 anos, foi retirada do quarto pelos assassinos e depois foi encontrada vagando pelas ruas.
No dia do crime, as vítimas, Márcio Rony Ventura, conhecido como "Buiu" de 34 anos e sua esposa, Bruna Mara Oliveira Ventura de 26 anos dormiam no quarto com a filha quando foram surpreendidos pelos assassinos que usavam camisas escrito Polícia Civil e coletes à prova de balas.
Márcio levou 42 tiros e Bruna 33. Entre as armas usadas no crime, estavam fuzis e espingarda calibre 12.
Em um áudio divulgado nesta terça-feira (5) pela Polícia Civil (ouça abaixo), um dos assassinos, Pedro Corttes Falcão, conhecido como “Pedrinho”, de 32 anos detalha o momento que invadiu o quarto do casal com os comparsas e foi alertado sobre a presença da criança pelo pai.
"Fui fazendo de linha de frente, piquei o pé na porta e ele falou assim: 'minha filha, minha filha, minha filha', Aí foi, botou a mão a cabeça e acendeu a luz. Ele mesmo acendeu a luz. Ele se rendeu e já lancei um queima de arquivo logo", disse Pedro Corttes Falcão em um áudio divulgado pela polícia.
De acordo com o delegado Rodrigo Sandi Mori, titular da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa de (DHPP) da Serra, Márcio era envolvido com o tráfico e foi morto porque tinha uma desavença com Pedro, com quem teve uma aliança. Já Bruna, foi morta por queima de arquivo.
"O Pedro e o Márcio eram parceiros do tráfico. Mesmo de dentro do presídio, o Pedro continuou comandando o tráfico de drogas. Após o Márcio sair do presídio em abril de 2022 cresceu o olho e assumiu o controle do tráfico de drogas no bairro Maringá, fato que gerou uma desavença entre eles. Em outubro de 2022, após sair da cadeia o Pedro se organizou, prometeu vingança e matou o Márcio para assumir novamente o controle do tráfico em Maringá", disse o delegado.
Sandi Mori também comentou a frieza de Pedro Corttes ao contar sobre o duplo assassinato.
"O Pedro é um dos maiores homicidas do município da Serra, extremamente perigoso, articulado, vingativo. Em vários áudios colhidos ele demonstra frieza, nenhum arrependimento e conta gargalhando para diversos amigos como foi a execução do duplo homicídio", disse o delegado.
O delegado disse ainda que depois de matar o casal, um dos assassinos teria dito para a criança que estava sozinha na rua: 'matei sua mãe'. Logo após o crime, os suspeitos fugiram em dois carros.
Investigações
As investigações apontaram que Pedrinho; Robert Dias Lino, conhecido como “Robert da 12”, de 31 anos; Wesley Magno Uchoa Braz, conhecido como "Neném da Preta; um adolescente de 17 anos; Wagner da Silva Rangel, conhecido como "Seu Vaguinho ou Coroa" e Luiz Gustavo do Nascimento Costa, conhecido como "Zói de Gato ou Zé Gotinha executaram o casal a tiros.
O crime também também contou com a participação de Gabriel de Castro Balbi e Phelipe Ferreira Gusmão Lino, conhecido como "Simpson", que dirigiram os dois carros dos criminosos.
Já Arthur Resende de Paula, José Ricardo Lapa Zeneti e Gislaine Soares Andrade foram responsáveis por monitorar as vítimas e o local do crime.
Em um outro áudio divulgado pela polícia Gislaine chega a alertar os comparsas por áudio sobre uma movimentação no bairro.
"Tô ligado que vocês estão na correria aí. Marque atividade porque está tendo velório ali em cima na igreja, a noite toda vai ter velório lá. Hoje não sei se é uma boa não heim. Vocês vê direitinho (sic) porque tá cheio de gente na igreja no velório da mulher que morreu de câncer", disse Gislaine em áudio divulgado pela polícia.
De acordo com o delegado Rodrigo Sandi Mori, oito envolvidos no crime foram presos e já são réus em ação penal que corre perante a Justiça com exceção do adolescente que foi apreendido e é envolvido em outro homicídio e uma dupla tentativa de homicídio; Wagner da Silva Rangel que está foragido após uma saidinha temporária e Luiz Gustavo dos Nascimento Costa, morto em 14 de janeiro deste ano em Aribiri, Vila Velha.
Os investigados são envolvidos com o tráfico de drogas no Forte São João, em Vitória; André Carloni, Nova Carapina, Grande Jacaraípe, na Serra e Dom João Batista, em Vila Velha.
"Fizeram alianças dentro da cadeia e se aliam para cometer crimes. A prisão impediu uma série de homicídios que eles iam cometer no município da Serra visto que estavam fortemente armados e até com granadas e dispostos a invadir Maringá, Central Carapina, Jardim Carapina e matar quem atrapalhasse eles no domínio do tráfico", disse o delegado Rodrigo Sandi Mori.
Todos os presos foram autuados por homicídio qualificado por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas, associação criminosa e corrupção de menores.
Fonte: g1 ES