Polícia apresenta 1,1 mil pedidos de prisão de traficantes da Maré e busca ajuda do governo federal para cumpri-los

 

Objetivo é montar esquema conjunto para cumprir mandados. Governo do RJ se reuniu com representante do Ministério da Justiça para acertar um planejamento para garantir a segurança na região.


A Polícia Civil apresentou ao governo federal os 1.128 pedidos de prisão de traficantes da Maré, resultados de investigações dos últimos anos. As autoridades de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro querem montar uma estrutura conjunta para que esses mandados de prisão sejam cumpridos.

A medida está sendo discutida, na manhã desta sexta-feira (29), em uma reunião entre o governo do Estado do Rio de Janeiro com o Ministério da Justiça para acertar uma possível ação da Força Nacional. O objetivo é que o governo federal envie reforços para atuar na comunidade.

Presente à reunião com Castro, Ricardo Capelli, secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, adiantou que na próxima segunda-feira (2) o ministro Flávio Dino vai lançar “um programa nacional de enfrentamento às organizações criminosas”.

Essa é uma questão interfederativa, onde o governo federal vai atuar fortalecendo a presença nos portos, nos aeroportos, nas fronteiras. É a missão central nossa, mais em perfeita harmonia com os estados”, explicou.

“Se o crime está cada vez mais organizado e estruturado no país, o poder público precisa estar também cada vez mais integrado para combatê-lo. É um desafio nacional”, afirma.

Capelli também comentou a investigação na Maré. “Aquelas imagens que a gente viu são inaceitáveis. Treinamento de guerrilha urbana à luz do dia, criminosos andando com fuzis ponto 50, à luz no dia, não é aceitável em nenhum lugar do mundo.”

A investigação da Polícia Civil, que durou dois anos, reuniu imagens de bandidos fortemente armados recebendo treinamento em vários momentos do dia, inclusive à noite com simulação de uso de bombas.

No início da semana, o governador Cláudio Castro disse que a polícia tem poder de fogo para entrar na Maré.

“O próximo passo agora é prendê-los, tirar os líderes de circulação. Recentemente encaminhamos diversos líderes para presídios federais”, disse Castro.

“Acho que é possível entrar lá e prender quem tiver que prender, no nosso governo não há lugar onde o estado não entre”, disse.


Já em Brasília, o ministro da Justiça, Flávio Dino, também comentou a situação no Complexo da Maré.

“Você tem com calma, mensurando os alvos e fazendo as operações. É uma situação crônica, no caso do Rio, desde os anos 1980. Não adianta achar que vai virar em um mês porque esse foi o fracasso da GLO, da intervenção federal”, disse o ministro.


O treinamento

A Polícia Civil mapeou quem são os criminosos que controlam a área onde foi criado um centro de treinamento do crime no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio de Janeiro.

No domingo (24), o Fantástico exibiu o resultado de uma investigação que durou dois anos sobre o “curso prático de táticas de guerrilha”.

Várias facções estão no Complexo da Maré, que tem mais de 140 mil moradores. De acordo com o mapeamento dos policiais, o Terceiro Comando Puro (TCP) domina a maior parte da região, inclusive o centro de treinamento.

O TCP controla a Vila do João, a Vila dos Pinheiros, Salsa e Merengue, Baixa do Sapateiro e Timbau.

As comunidades da Nova Holanda e Parque União, ainda no Complexo da Maré, estão sob o jugo do Comando Vermelho, outra facção de traficantes.

A Maré ainda tem uma parte tomada por milicianos: Roquete Pinto e Piscinão de Ramos.

Ao longo da investigação que durou dois anos, os agentes identificaram pelo menos 400 bandidos da facção da região da área usada como centro de treinamento. A Polícia Civil monitorou, no total, 1.125 traficantes, milicianos e pessoas ligadas às atividades criminosas na Maré. Eles foram indiciados por tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa.

Veja o vídeo


Traficantes

Polícia conseguiu montar organograma do crime na Maré




Da Redação/ Com informações do G1
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