Seca no Amazonas: 112 mil pescadores são impactados, aponta Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura

Bioma pode levar dois anos para se recuperar, devido à morte de peixes em período de reprodução


No Amazonas, 140 mil pescadores vivem diretamente da atividade pesqueira e cerca de 200 mil pessoas estão envolvidas no sistema produtivo da pesca e subprodutos — desde a captura, desembarque, transporte, industrialização, preparo, distribuição e comercialização do pescado –, de acordo com dados do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), atualizados pelo superintendente executivo da Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura (SFA) do estado, Algemiro Ferreira Lima Filho.

Em entrevista à CNN, o superintendente da SFA afirmou que cerca de 80% dos pescadores já têm sua atividade de pesca afetada pela seca extrema que a região enfrenta, isto é, 112 mil pescadores.

A morte dos peixes causa impacto nas atividades econômicas e de subsistência de comunidades que têm o animal como a principal fonte de renda e alimento.

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) informa que, na região de Tefé, no Amazonas, a temperatura da água ultrapassa 39ºC. A água muito quente pode reduzir o oxigênio dissolvido e ao mesmo tempo aumentar a taxa respiratória dos peixes, o que afeta o metabolismo e provoca morte por asfixia.

“Morreram peixes de tamanho médio, pequeno e que estavam em fase de reprodução, o que significa dizer que esse bioma, para se recompor, nós vamos precisar de pelo menos dois anos”, afirmou Algemiro Ferreira.

A preocupação das autoridades é de que, quando os maiores volumes de chuva forem retomados na região, os peixes que restem não sejam capazes de restaurar as populações das espécies.

Medidas

Entre as medidas anunciadas pelo governo federal, na quarta-feira (4), na visita do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) junto da comitiva de ministros a Manaus, está a antecipação do Seguro-Defeso do Pescador Artesanal.

O benefício de um salário mínimo é destinado às pessoas que sobrevivem da pesca artesanal que, durante o período em que não puder realizar suas atividades devido ao período de reprodução das espécies, recebe o auxílio. Também foi anunciada duas parcelas extras do seguro.

No Lago Tefé mais de 140 botos e tucuxis sem vida já foram encontrados mortos. O ICMBio instalou um Comando de Incidentes (CI) para investigar as ocorrências e resgatar animais encalhados.

A operação ocorre desde o dia 25 de setembro com apoio do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamiruá.

“Além da seca, enfrentamos problemas com as queimadas, que têm prejudicado gravemente a agricultura. Também estamos lidando com a escassez de água potável devido ao aquecimento das águas, o que está causando a morte de peixes, principalmente nas calhas do Solimões e Purus, onde existem reservas importantes”, disse Pedro Hamilton Prado Brasil, presidente da Associação dos Pescadores de Manaus. “Esses desafios estão se agravando a cada dia, deixando os pescadores sem alternativas de sobrevivência”.

Infelizmente, o governo estadual não está oferecendo ajuda significativa até o momento, exceto a promessa do vice-presidente da República, Gerardo Alckmin, de antecipar duas parcelas do seguro-defesa 2023-2024. No entanto, esperamos que o governo federal possa ser sensibilizado para aumentar esse apoio. O mínimo que o Governo Federal poderia fazer é agir, já que o Governo do Estado do Amazonas ainda não está ativamente auxiliando o setor da pesca.

Os pescadores enfrentam uma dificuldade extrema, com 99% da água praticamente desaparecida. Aqueles que conseguem encontrar água em lagos represados precisam carregar suas canoas nos ombros e caminhar por quilômetros em busca de sustento para suas famílias. Além disso, a saúde também está se deteriorando devido a essas condições adversas.”

Da Redação/ Com informações da CNN


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