'A minha família está despedaçada', diz pai de menina Heloísa, morta após ser baleada por agente da PRF


Criança faria 4 anos no dia 31 de outubro. Segundo William Silva, menina "era apaixonada pelo aniversário"


"Covardia tremenda". Assim que o pai da menina Heloísa dos Santos e Silva, de 3 anos, que morreu baleada por um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no dia 7 de setembro, define a abordagem que vitimou a criança. Segundo William Silva, a filha mais velha, de 8 anos, chora diariamente com saudade da irmã.

"A minha família está despedaçada e nunca mais foi a mesma. A Heloísa era uma criança que brilhava e nós estamos sentindo muita falta dela. A minha filha mais velha chora direto e tem febre o tempo inteiro de tanta saudade que tem da irmã. As duas eram muito unidas. A mãe delas não é mais a mesma pessoa e não sai de casa para nada. Ela parou de trabalhar e só levanta da cama para comer. Eu mesmo não consigo mais dormir. Eu tiro cochilos, mas desde o dia 7 que não tenho uma noite tranquila" diz William.

A menina faria 4 anos no dia 31 de outubro. Ainda de acordo com o pai, a data foi marcada por tristeza e saudade. Para William, apesar do acompanhamento psicológico realizado por ele e a mulher, é "muito difícil seguir em frente".

"Nós queríamos ter celebrado a vida da nossa filha porque ela era apaixonada pelo aniversário. Infelizmente, a data chegou e não tínhamos ela aqui. Nesse dia, eu não quis sair para trabalhar e só pensava que ela poderia estar com a gente se não fosse a covardia tremenda daqueles policiais. É muito difícil seguir em frente, porém eu tenho não me desestruturar porque já basta a situação da minha mulher. Sou responsável pelas contas da casa, então é complicado. Estou levando um dia após o outro. No entanto, não tem um dia que eu não lembre da Heloísa" conta William.


'Lutamos pela memória da minha filha'

Na última terça-feira (07), o Ministério Público Federal (MPF) denunciou três policiais rodoviários federais pela morte da criança. Heloísa morreu no dia 16 de setembro, após 9 dias internada. O órgão pediu que Fabiano Menacho Ferreira, Matheus Domicioli Soares Viégas Pinheiro e Wesley Santos da Silva respondam por homicídio qualificado, tentativa de homicídio (contra os pais, a irmã e a tia da menina, que também estavam no veículo) e fraude processual.

Na denúncia oferecida pelo procurador Eduardo Benones, ele afirma que as provas indicam que a morte da menina "foi causada pelas lesões provocadas em seu corpo pelos projéteis de arma de fogo de longo alcance disparados pelos policiais", e que há muitas provas da fraude processual. O MPF pediu mais uma vez a prisão preventiva dos três policiais.

"Não tem nada que faça a nossa dor passar ou que traga a minha filha de volta. No entanto, a gente luta pela memória dela para que outras famílias não passem por isso. Precisamos de policiais que protejam, não que matam. Eu estava muito preocupado com a questão de tempo, mas acredito que a justiça tem as ferramentas necessárias e já esta bem claro que os policiais assumiram a responsabilidade da morte quando deram os tiros" destaca William.


Fonte: O Globo


 

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