VÍDEO: Com 'corredor humano', bebê recebe alta após quase 5 meses internado na UTI, em Vitória


Nascimento de Rhaí aconteceu em 31 de agosto, com 24 semanas e cinco dias, pesando apenas 752 gramas. Na internação, passou por algumas complicações, cirurgias, mas agora está em casa.

Foi apenas na última sexta-feira (19), que o ano de 2024 começou para a família de Rayane Ribeiro. Foi quando o filho dela, o pequeno Rhaí, que nasceu prematuramente e ficou internado por quatro meses e 19 dias no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam), em Vitória, finalmente recebeu alta e foi para casa.

O nascimento de Rhaí aconteceu em 31 de agosto, com 24 semanas e cinco dias, pesando apenas 752 gramas. Com uma gravidez de risco, a mãe descobriu a gestação quando já estava com quatro meses (cerca de 17 semanas). Pouco tempo depois, como a gravidez era de risco, Rayane precisou ficar internada até completar as 24 semanas.

Após o parto, o bebê ficou durante o período de internação na UTI Neonatal (Utin) do hospital universitário. Esse cuidado foi necessário até que ele atingisse o peso mínimo de 2 kg, alcançando independência respiratória e conseguindo se alimentar com segurança. A partir daí, os cuidados são feitos em casa, pela família.

Rayane Ribeiro segurando o filho Rhaí na saída do hospital após quase 5 meses na Utin em Vitória, Espírito Santo — Foto: Divulgação/Hucam

Rayane disse que Rhaí nasceu de parto normal e, com três dias de vida, precisou passar por uma diálise porque os rins dele pararam de funcionar. Em seguida, os médicos descobriram que uma válvula do coração dele estava aberta e cogitaram fazer uma cirurgia.


"Deus operou meu filho", diz mãe

"Eu sou uma pessoa cristã e tenho muita fé em Jesus Cristo. A partir desse momento entreguei ele para Deus e falei para o Senhor: 'que seja feita a sua vontade'. Ele já estava sofrendo pela diálise, um processo bem doloroso e, por ele ser muito pequeno, tudo se tornava ainda maior. Em uma quinta-feira, decidiram fazer a cirurgia no coração e na sexta, quando cheguei para conversar com os médicos, eles me disseram que a válvula tinha se fechado. Deus operou meu filho antes dos profissionais de medicina", relatou Rayane à repórter Diná Sanchotene.

Rayane Ribeiro segurando o filho Rhaí na saída do hospital após quase 5 meses na Utin em Vitória, Espírito Santo — Foto: Divulgação

Após esse episódio, chegou a hora de retirar o cateter da barriga de Rhaí. Os médicos alertaram Rayane de que ele poderia enfrentar alguns problemas, como a impossibilidade de urinar, e, se isso acontecesse, ele poderia morrer, pois não seria possível retornar com o cateter posteriormente.

"Novamente me apeguei a Deus e entreguei meu filho a ele, que tinha parado de fazer xixi. Com uma campanha religiosa, esse quadro se reverteu e com a válvula do coração fechada, o rim dele voltou a funcionar corretamente", comentou.


Parada cardiorrespiratória

Após essa vitória, o desafio era fazer com que Rhaí ganhasse peso. Após dois meses na incubadora, o bebê conseguiu chegar a um quilo e meio, mas na hora de colocá-lo no bercinho, o tubo de respiração saiu do lugar e ele teve uma parada cardiorrespiratória. A equipe médica conseguiu reverter a situação e Rhaí passou a usar uma ventilação não invasiva.

Ele teve pneumonia e contraiu uma bactéria, que é um tipo de bactéria do sistema imunológico. Cada dia foi uma vitória até chegar o tão sonhado dia de ter meus dois filhos em casa. Porém, antes disso, começamos a fazer o exercício dele respirar sozinho.

Rayane Ribeiro segurando o filho Rhaí na saída do hospital após quase 5 meses na Utin em Vitória, Espírito Santo — Foto: Divulgação

Além da Rhaí, Rayane tem um filho de oito anos. Em dezembro, ela e o marido se inscreveram para o casamento comunitário, na Serra. Na época, o bebê já estava em uma situação de médio risco. Como ficou muito tempo entubado, ele precisou fazer uma cirurgia de hérnia inguinal.

Mesmo com tão pouco tempo de vida, a tão sonhada alta chegou. Segundo a mãe do bebê, foram muitos os desafios, até mesmo da medicina.

"Os médicos não acreditavam que ele iria resistir e ele provou que enquanto há vida há esperança. Os profissionais não desistiram dele e a recompensa é ele estar saudável, sem nenhuma sequela. Eu estava em um processo de separação quando descobri que estava grávida. Meu filho chegou para reforçar a união com o meu marido e de toda a minha família. Entreguei meu filho amado à medicina e a Deus. É um verdadeiro milagre", afirmou.

Ao receber alta, os profissionais fizeram um corredor humano para dar boas-vindas a uma nova fase da vida de Rhaí. Agora, ele precisa ficar em casa em quarentena e recebe todo o amor de sua família.

"Ele é uma criança perfeita e requer cuidados especiais. A minha prioridade são os meus filhos. Tenho muita gente me ajudando. O ano começou de fato, sem aquela rotina de hospital. Esperei muito por esse momento", comentou.

A médica médica Neonatologista e assistente da Unidade Neonatal do Hucam, Priscyla Ferreira Pequeno Leite, lembrou que foi um grande desafio o caso do Rhaí.

Rayane Ribeiro segurando o filho Rhaí na saída do hospital após quase 5 meses na Utin em Vitória, Espírito Santo — Foto: Reprodução

"A maioria desses bebês, que chamamos de nano prematuros, não consegue sobreviver, muito menos numa condição de saúde boa. Rhaí saiu de alta em aleitamento materno misto e foi uma grande conquista da Rayane junto com a nossa equipe. Ele passou por muitas intercorrências na internação. Tenho muito orgulho da Rayane e da equipe médica e multiprofissional do hospital", relatou.

Nesse tempo, uma equipe inteira cuidou do pequeno: com especialistas de cardiologista, neurologista, nefrologista, radiologistas, cirurgiões, e uma equipe multiprofissional especializada, com fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, enfermagem, nutrição, psicologia, banco de leite.




Fonte: g1 ES




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